Uma das principais finalidades da alimentação do atleta é fornecer energia de qualidade para o desempenho esportivo. Mas enganam-se aqueles que acreditam que qualquer tipo de açúcar cumpre satisfatoriamente essa função.
O açúcar branco, tecnicamente conhecido como sacarose, por exemplo, é considerado universalmente nocivo para a saúde – inclusive para praticantes sistemáticos de atividades físicas. Afinal, seus malefícios não se limitam apenas ao seu grande potencial para o ganho de peso: entre os riscos do consumo estão incluídos o aumento da glicemia, levando a ou piorando casos de diabetes, aumento da pressão arterial, o surgimento e o agravamento de cáries dentárias, gastrite, cânceres, entre outros.
A nutricionista Cynthia Howlett vai além: “A sacarose libera hormônios do prazer e inibe os da saciedade. Ou seja, sempre existe aquela vontade de quero mais. Isso leva ao vício por açúcar refinado, e se livrar dele pode ser trabalhoso”. No caso de atletas, a desvantagem se estende à própria performance esportiva: “Atletas precisam mesmo é de carboidratos. O açúcar refinado é uma energia vazia, sem valor nutricional, que até proporcionam aquele pique inicial mas rapidamente se esgota”. Isto, é claro, pode impactar negativamente nos resultados dos treinos e das competições.
Portanto ao invés de doces, chocolates, bolos e outros, os praticantes regulares de esportes devem planejar uma alimentação à base de macarrão, arroz, pães, tubérculos, cereais e outros itens que forneçam energia de forma mais consistente. Massas, arroz e farináceos, inclusive, não precisam ser integrais.
As colheradas de açúcar branco no chá, no café e em sucos devem ser substituídas por outras opções, como o mel, o demerara, a frutose, o açúcar mascavo ou adoçantes de baixa caloria, principalmente os naturais, como a stevia, ou a sucralose em menor quantidade. Refrigerantes podem ser substituídos por suas versões diet.
Sucos devem ser naturais: os concentrados, de caixinha, costumam apresentar uma quantidade muito elevada de frutose, o que acaba não sendo bom. Aliás, muitos alimentos industrializados como iogurtes, molhos e pratos prontos contem níveis expressivos de açúcar. É fundamental ler os rótulos com atenção.
A decisão de se livrar da alimentação com presença marcante de açúcar refinado é altamente benéfica, mas, de acordo com Cynthia Howlett, precisa ser gradual: “Não adianta ser radical. O primeiro passo é preferir um chocolate com maior teor de cacau, por exemplo, a um ao leite, que leva mais açúcar. A ideia é ir migrando do paladar doce para o mais amargo, ou para versões de alimentos que utilizam outros açúcares ou adoçantes.”
E também não é preciso eliminar o açúcar refinado para o resto da vida: até 50 gramas diárias (o equivalente a uma colher de sopa) são permitidas. O único público que a nutricionista recomenda consumo zero é o de pequenos de até dois anos: “É quando a criança constrói seu paladar.”
E nada melhor do que crescer sem grandes vínculos com a sacarose: o potencial esportivo do pequeno só tem a agradecer.
Fonte: Joana Coccarelli / Esporte Essencial