Em seu site, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) defende a ideia de que a ampliação de espaços de formação complementar, como museus e centros de ciência, exposições e publicações, despertou o interesse pela ciência e ampliou o conhecimento de sua importância no cotidiano da vida social moderna.
Embora a tecnologia e as novas formas de comunicação tenham facilitado o acesso à informação, Angelina Zanesco e Bruno Rodrigues, editores-chefes da “Motriz” e da “Conexões”, revistas científicas de Educação Física, respectivamente, observam que o cenário ainda está distante do ideal.
A razão, segundo a dupla, é simples: os alunos da graduação têm resistência e dificuldades para consumir o que é produzido pelo meio acadêmico e, consequentemente, em contribuir cientificamente.
O consumo de artigos científicos no Brasil esbarra, em primeiro lugar, na falta de hábito de leitura do país e, em seguida, tem a língua inglesa como grande obstáculo. A “Motriz” só publica textos em inglês, o que acaba afastando boa parte dos alunos da graduação.
“O brasileiro não tem o hábito de ler. No caso da Educação Física, embora isso venha melhorando nos últimos anos, é ainda mais complexo que nas áreas de humanas. E a língua inglesa ainda é uma barreira. Quando o aluno se depara com um artigo em inglês, enxerga uma barreira”, afirma Zanesco.
Rodrigues endossa o discurso da professora titular de Fisiologia da Unesp e calcula que 60% dos estudantes se desestimulam a procurar artigos científicos por não dominarem o inglês, língua com “a maior informação de ponta na área”. O professor da Unicamp insiste em suas aulas para que os alunos procurem textos acadêmicos, leitura que ele enxerga como fundamental. A insistência, no entanto, nem sempre gera os resultados esperados.
“Eu brigo para que seja um hábito deles. É uma luta hercúlea. As novas gerações estão acostumadas a uma velocidade muito grande no consumo de informação. Eles não querem sentar, ler o artigo, entender como foi o protocolo. Querem apenas saber o resultado e se dá para aplicar”, analisa. Zanesco entende que nem tudo é culpa do estudante. Segundo ela, o “formato engessado” da graduação não permite uma integração do aluno à pesquisa.
“Os alunos não contam com janelas que permitam buscar uma melhor formação profissional. Se eles se integrassem ao laboratório e pudessem participar de situações mais práticas, a situação poderia ser diferente. Deveriam participar de postos de saúde na área da educação física, trabalhar com pessoas deficientes, auxiliar na recuperação de pessoas com câncer”, sugere.
Para Rodrigues, de 3 a 5% de seus alunos seguem a área acadêmica. A esmagadora maioria segue carreira na área da saúde, em clubes e academias.
Fonte: Ativo.com