Rafael Pereira teve a vida mudada pelo esporte. O atletismo entrou despretensiosamente em sua vida e agora transformou os seus planos. Campeão brasileiro sub-23 dos 110m com barreira, o atleta agora sonha com a participação no mais alto degrau do esporte: uma final de Olimpíada. Por seus feitos em 2017, ele foi contemplado com o “Prêmio do Esporte Mineiro”.
Com vasta experiência nas categorias de base, Rafael foi, por dois anos seguidos, o primeiro colocado no ranqueamento sul-americano da prova dos 110 metros com barreiras. Ele também foi vice-campeão brasileiro sub-23 nos 200 metros rasos.
O atleta conversou com o Observatório do Esporte e contou sobre a trajetória da vida, o crescimento no esporte, além de dar dicas para quem pretende começar a caminhada no atletismo!
Como foi o início da sua carreira no atletismo?
Eu comecei no esporte há mais ou menos sete anos. Fui descoberto por um professor de Educação Física que me apresentou para um treinador. Fiz alguns testes e aí, então, comecei a treinar. O começo foi sem nenhuma intenção. Ao decorrer dos anos, minha performance foi melhorando e meu treinador sempre acreditou no meu desempenho. Fui participando de campeonatos e ganhando alguns, batendo alguns recordes e assim estou até hoje na luta do esporte.
Já viveu alguma situação difícil que acredita ter superado com a ajuda do esporte?
Sim, de vários modos. A primeira grande dificuldade que eu tive foi financeira. No primeiro Campeonato Brasileiro de que eu participei minha equipe não tinha verba para me levar, nem meus pais; então tive que custear a viagem. Saí batendo de porta em porta nas empresas aqui perto de casa para ver se alguém me ajudava e enfim uma empresa me ajudou com 350 reais, que era o preço da passagem de ônibus e minha mãe ajudou-me com o preço da alimentação. A viagem durou 27 horas daqui para o Paraná porque comprei uma passagem mais barata e o ônibus parou em várias rodoviárias pelo caminho. Depois da viagem cheguei e fui competir, todo cansado, mas assim disputei o meu primeiro Campeonato Brasileiro.
Outra dificuldade foi quando me classifiquei para o Campeonato Sul-Americano e era a primeira competição que eu iria representar o Brasil. Faltando uma semana para competição torci o pé. A minha sorte foi que eu não rompi nenhum ligamento nem tendão, foi apenas uma luxação. Só que estava doendo muito, então fiz um tratamento muito intenso com fisioterapia, mas aí graças a Deus consegui viajar e competir bem.
O que o esporte representa na sua vida atualmente?
Mudou de direção. Tudo que vou seguir daqui para frente foi o esporte que me deu. Tanto profissional, porque por exemplo, faço Fisioterapia porque amo o esporte e me apaixonei pelo corpo humano por meio do esporte. O esporte me deu a bagagem de conhecer o Brasil, outros países, de conhecer outras culturas e isso é muito importante para mim.
Como é a sua rotina de treinamentos?
Treino na Academia da Polícia Militar e na UFMG. Treino três horas por dia, entre sexta e sábado e no domingo é minha folga. Acontece que geralmente no domingo é o dia das competições, então acaba que também estou correndo. Meu treinador é o Mauro Roberto e eu treino na equipe do Clã-Delfos.
Quem é seu maior ídolo no esporte?
É o Bolt, que saiu do nada pra se tornar o maior da história, então é ele.
No último ano você se sagrou Campeão Brasileiro Sub-23 nos 110 metros com barreiras. Como foi a preparação para essa disputa e o que significou mais essa conquista?
A preparação para a competição foi durante o ano inteiro porque essa era a competição mais importante do ano, então foi nosso foco. Claro que participamos de outras competições, mas a principal era essa. Treinei bastante, estava bem motivado, os tempos se encaixando, então tudo foi acontecendo conforme o planejado. Ser campeão brasileiro foi muito bom, senti que o trabalho foi coroado.
Nessa competição eu também fui vice-campeão dos 200 metros e foi uma surpresa porque eu cheguei lá, disputei porque treinei bem e fui vice-campeão, o que foi muito gratificante, porque eu não esperava nem ir para final, quanto menos conseguir medalha. Graças a Deus foi um campeonato maravilhoso!
Quais são seus planos futuros envolvendo atletismo?
Depois que passou a última Olímpiada, entrei no Ciclo Olímpico. Agora, meu plano é classificar e chegar à final olímpica em 2020. Então tudo que eu faço agora é voltado para Olímpiada, as outras competições são preparatórias, mas meu foco principal é a Olimpíada.
Como foi a sua participação no JIMI 2017? Foi sua primeira participação?
A participação no JIMI ano passado foi a segunda. Na minha primeira eu fui campeão dos 110 metros com barreira e do revezamento 4×400, só que isso foi em 2013 e eu ainda estava começando no esporte. Em 2017, o JIMI serviu como preparação para o Campeonato Brasileiro então foi muito bom para mim porque fiz boas marcas, tanto que consegui bater o recorde dos 110m. Consegui ganhar três medalhas de ouro, uma de prata e ajudei minha cidade a ser campeã no Masculino, então fiquei muito feliz.
O que representou para você ser contemplado pelo Prêmio do Esporte Mineiro?
É um ótimo incentivo porque demonstra o reconhecimento ao trabalho realizado por mim e pelos meus treinadores durante toda a temporada.
Qual a dica que você dá para quem está começando agora a tentar uma vida no esporte?
Quando eu comecei nem os outros treinadores da minha equipe acreditavam em mim. Eles falavam que meu treinador era doido, que tava gastando dinheiro demais comigo e que isso seria à toa. Eu nunca desisti, isso nunca entrou no meu ouvido. A dica que dou é que não existe ninguém melhor para acreditar em você do que você mesmo, então você sempre tem que acreditar nos seus sonhos e acreditar que é possível, que pode demorar, mas vai chegar.
Observatório do Esporte de Minas Gerais