
Participam dos Jogos, indígenas com idade a partir dos 15 anos, de 11 etnias de todo o estado. (Foto: Elian Oliveira/ACS/SEEMG)
Uma grande festa com manifestações das diversas culturas e uma especial homenagem ao cacique José Sátiro do Nascimento, falecido em 2015. Foi nesse clima de confraternização que a reserva indígena Xucuru-Kariri, do município de Caldas, recebeu centenas de atletas indígenas para a disputa da quinta edição dos Jogos dos Povos Indígenas de Minas Gerais.
Viabilizado pela parceria da Secretaria de Estado de Esportes (SEESP) com a Secretaria de Estado de Educação (SEE) e a Prefeitura Municipal de Caldas, o evento que começou na última quarta-feira (14/8) e termina domingo, dia 17, conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (SEDPAC), Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Superintendência Regional de Ensino (SRE) Poços de Caldas.
Participam dos Jogos, indígenas com idade a partir dos 15 anos, de 11 etnias de todo o estado, nas modalidades derruba o toco, arco e flecha, cabo de guerra, zarabatana, corrida do maracá, bodok, arremesso de lança e futebol (leia mais no final do texto). Os três primeiros colocados em cada modalidade receberão troféus tradicionais, produzidos pelos próprios indígenas da etnia anfitriã da competição.
Presente no evento, o secretário de Estado de Esportes, Arnaldo Gontijo, falou do empenho de sua pasta e do governador para que a competição passe a fazer parte do calendário oficial de eventos esportivos em Minas Gerais. O secretário entregou uma bola ao cacique anfitrião Jal Xucuru-Kariri, simbolizando a abertura das competições e convidou os demais caciques para uma reunião em sua secretaria para “acertar os procedimentos que possam garantir a oficialização dos Jogos Indígenas”.
Representando a Secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, o chefe de gabinete da SEE, Hércules Macedo, saudou os presentes e destacou o empenho da secretária Macaé para a realização dos Jogos. Hércules reafirmou o compromisso da gestão do governador Fernando Pimentel e da secretária em garantir uma educação de qualidade, respeitando as especificidades de cada povo indígena, “sua cultura, seus princípios e suas lutas”.
O Secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, falou da importância dos Jogos, “num momento em que o governo federal sinaliza o desmonte dos avanços das políticas públicas voltadas aos povos indígenas e que Minas vem na contramão dessa agenda, garantido avanços em várias frentes, como vemos aqui, reunidas cinco secretarias”.
A superintendente regional de ensino de Poços de Caldas, Rosimar do Prado, muito elogiada durante a abertura, falou, emocionada, sobre as dificuldades e ao mesmo tempo da “determinação das equipes da SRE e da SEE para garantir o sucesso desses jogos”.
O cacique da reserva Xucuru-Kariri falou dos avanços conquistados durante a atual gestão estadual e do apoio da Prefeitura de Caldas. Jal citou, em especial, a secretária Macaé e o chefe de gabinete Hércules Macedo, “não só no processo de construção desses jogos, mas no apoio educacional e na estrutura de nossa escola”.
A escola da aldeia Xucuru-Kariri conta hoje com ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ele agradeceu ainda o apoio da SEE para a construção de uma quadra coberta, que já está em fase de acabamento, onde as crianças e os habitantes da aldeia poderão se reunir e compartilhar conhecimentos. “Os Jogos Indígenas são uma articulação política dos povos indígenas que nos permite saber o que acontece em cada comunidade. As três esferas de governo receberão documento que será elaborado no final do evento”, relatou o cacique Jal.
Após a abertura oficial do evento, cada etnia apresentou um ritual em homenagem ao cacique José Sátiro do Nascimento, falecido em agosto de 2015, pai do atual cacique Jal e marido da Pajé Josefa. Um festival de cores, cânticos e evoluções tomou conta do campo de futebol, onde as competições acontecem até o próximo domingo.
Os Jogos dos Povos Indígenas são idealizados pelo Conselho dos Povos Indígenas do Estado de Minas Gerais (Copimg) e têm como objetivo promover o esporte socioeducacional nas aldeias indígenas mineiras como instrumento de fortalecimento da identidade das culturas tradicionais, estimulando valores originais e intercâmbio entre as etnias para a promoção da cidadania indígena. A realização do evento constitui uma significativa oportunidade de valorização e fortalecimento da identidade das etnias indígenas residentes em Minas, uma vez que promove o encontro e articulação entre as mais diversas comunidades.
Modalidades disputadas:
1. Derruba o toco (equipes de 03 guerreiros): é montado um círculo com diâmetro de 3 metros, onde todos os guerreiros lutarão. Não é permito o uso de violência, e o guerreiro que utilizar golpes distintos do “agarramento” será desclassificado. O campeão será aquele que conseguir forçar o seu adversário a derrubar o toco. A Equipe vencedora será a que conseguir somar o maior número de vitórias.
2. Arco e flecha (03 guerreiros): é montado um alvo com distância de 30 metros do guerreiro. O competidor que acertar o alvo mais vezes em três chances será o campeão. Na modalidade feminina a distância será de 15 metros.
3. Cabo de guerra (equipes de 10 guerreiros): uma equipe de cada lado puxa uma corda, buscando arrastar a equipe adversária até seu campo. A Equipe conseguir arrastar o adversário para o seu campo será o vencedor da prova.
4. Zarabatana (03 guerreiros): de posse da Zarabatana, os guerreiros masculinos tentarão acertar o alvo na distância de 15 metros e as guerreiras femininas tentarão acertar o alvo na distância de 07 metros.
5. Corrida do maracá (equipes com no mínimo 10 guerreiros): a corrida com maracá é composta por no mínimo 10 atletas onde cada um percorre uma distância de 100 metros, sendo 50 metros de volta, ao retornar o guerreiro irá passar o maracá para seu companheiro de equipe que fará o mesmo percurso. Ganha a equipe que completar em menos tempo. Para as mulheres a corrida será de 50 metros, sendo 25 metros de ida e 25 metros de volta. Lembrando que não é permitido que o Maracá caia.
6. Bodok (03 guerreiros): os guerreiros terão que acertar o alvo numa distância de 15 metros. São três chances de acerto. Aquele que acertar será o campeão, caso haja vários acertos os mesmos continuarão a jogar até que um apenas acerte o alvo.
7. Arremesso de lança (03 guerreiros): aquele que arremessar a lança em maior distância será o vencedor da prova.
8. Futebol: as regras do futebol serão as mesmas aplicadas no futebol convencional.
Fonte: Ascom Secretaria de Estado de Esportes (SEESP), com informações da Secretaria de Estado de Educação (SEE).