Com apenas 23 anos, o atleta do Sesi Gravtás de Uberlândia, Rodrigo Parreira já passou pelo goalball, basquete, handebol, futebol de 7 e natação. Mas foi o atletismo que conquistou o atleta e que fez dele campeão olímpico na Rio 2016.
Depois de dois anos de competições intensas, 2018 é um ano de preparo para que ele possa realizar o sonho de ser o melhor do mundo.
Rodrigo conversou com o Observatório do Esporte e contou um pouco do início da sua carreira, sua paixão pelo esporte, sobre seus próximos planos e qual foi a sensação de ser contemplado no Prêmio do Esporte Mineiro 2017. Confira!
Como você conheceu o atletismo e como foi o começo da sua carreira no esporte?
Eu sempre gostei muito de esporte e já passei pelo goalball, basquete, handebol, futebol de 7 e natação. Mas eu sempre gostei muito de correr, então eu fiz um teste e gostei do esporte. Nas primeiras competições eu já bati o recorde brasileiro, fui convocado para a Seleção Brasileira, me apaixonei pelo atletismo e estou aqui até hoje.
Você já viveu alguma situação difícil na qual superou através do esporte?
No começo, eu não tinha sapatilha nem os materiais necessários para correr e tudo isso foi muito difícil para mim. Mas nem por isso eu desisti, porque eram dificuldades passageiras e graças a minha família eu consegui superá-las e cheguei onde estou.
O que o esporte representa em sua vida?
Para mim o esporte representa várias coisas. Auto estima, por exemplo. Eu não tinha auto estima, eu era um cara muito tímido e que não sabia conversar com as pessoas; eu tinha vergonha de mim, da minha voz e graças ao esporte eu pude melhorar, fazendo com que eu conhecesse muitas pessoas e fizesse muitos amigos.
Graças ao esporte eu pude ter uma vida. Hoje eu tenho um salário, consegui comprar a minha casa. O esporte é tudo para mim.
Você tem algum ídolo no esporte? O que te inspira?
Eu nunca fui uma pessoa de ter ídolos, eu gosto sempre de superar a mim mesmo. Mas a minha família me inspira. Nós éramos muito humildes no início da minha carreira e hoje, eu proporcionar uma condição melhor a ela através do atletismo.
“Eu me supero sempre pensando em minha família.”
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Como é sua rotina de treinamentos?
Eu treino no Sesi Gravatás aqui em Uberlândia, 4 horas pela manhã na pista, depois vou para o almoço. Após o almoço faço duas horas de academia, logo após vou para o pilates e do pilates para a fisioterapia. É muita coisa, mas o que me dá estrutura.
Você foi medalhista olímpico duas vezes nos Jogos Rio 2016. Como foi representar a sua modalidade em casa? O que passa pela cabeça na hora de subir ao pódio?
É uma emoção muito grande poder representar a minha cidade, no meu país. Naquela hora o que passa na cabeça é “eu consegui. Eu dei o meu melhor”. E pensar no tanto de países que estavam ali e eu deixei para trás é uma sensação de dever cumprido. Eu trabalho para isso.
A conquista da medalha de bronze no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico foi em uma prova dura. Qual foi a sensação depois de descobrir que tinha conquistado o bronze?
Para dizer a verdade, meu adversário tinha me ultrapassado então pensei “é tudo ou nada” e acelerei. Na minha cabeça, quando eu caí na chegada achei que tivesse ficado em quarto, o que já estaria de bom tamanho. Mas quando eu cheguei perto da repórter que me abordou e ela me disse que eu fiquei em terceiro, nossa! Foi uma alegria tão grande. Foi uma prova tão dura, tão difícil e chegar em terceiro e tão próximo do segundo foi uma sensação muito boa.
“O resultado mostra que treinando muito eu posso chegar em segundo e se treinar mais, chego em primeiro.”
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Olimpíadas, conquistas em campeonatos mundiais… tem sido anos gloriosos para você. E agora, quais são os planos para os próximos anos?
Pelo planejamento 2018 é um ano de testes, para verificar para ver o que preciso evoluir e o que está bom. É um ano de muito treinamento para o ano que vem, no qual terá o Campeonato Mundial e o Parapan.
Eu e minha equipe vamos participar de vários campeonatos esse ano para melhorar as minhas marcas.
Como você avalia o esporte paralímpico em Minas Gerais? O que pode ser melhorado?
Eu não tenho nada o que reclamar da estrutura de Uberlândia, que é realmente muito boa. Mas o esporte paralímpico no geral deveria ter mais visibilidade entre a população. Nós temos muita condição de evoluir cada vez mais, mas falta apoio. Nós atletas trabalhamos muito, tem gente ali que não tem o que comer, mas ainda treina. Eu, graças a Deus tenho ajuda do Governo por conta do meu currículo, dos meus títulos. Mas e aqueles que estão no início da carreira? Eles necessitam de ajuda para evoluir.
Você acredita que a realização dos Jogos Paralímpicos no Rio serviu para que houvesse uma mudança na vida do atleta paralímpico no Brasil?
Melhorou um pouquinho, mas precisam ganhar mais visibilidade. Fazendo uma comparação com o esporte olímpico, nós podemos ganhar inúmeros medalhas de ouro, mas o paradesporto está longe de receber o destaque que o esporte olímpico tem.
O que representa para você ser contemplado pelo Prêmio do Esporte Mineiro?
Eu fiquei muito feliz por ter esse reconhecimento. Para mim foi uma grande honra porque receber um prêmio de melhor atleta de Minas Gerais é um grande passo para chegar onde eu quero chegar que é ser considerado o melhor do mundo.
“Estou trabalhando muito para ser o melhor de Minas, o melhor do brasil e ser o melhor do mundo”
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Qual a dica que você dá para quem está começando a prática do atletismo?
Meu conselho é nunca desista do seus senhos. Se você não tentar, você nunca saberá se consegue.
“As pessoas com deficiência não sabem o quão forte elas são.”
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Ao menos tente. Se não gostar tudo bem, mas tente. Só assim você vai conseguir.
Observatório do Esporte de Minas Gerais