Natural de Araxá, Alex Roses Santos de Almeida é um dos 4 atletas brasileiros que irão representar o atletismo brasileiro no Desert Challenge Games, em Phoenix (EUA). O evento faz parte do Grand Prix Internacional de Para-Atletismo. Descoberto enquanto corria atrás de bola na APAE, Alex conseguiu ficar no Top 5 do Ranking Nacional nas categorias salto em altura, salto em distância e 400m rasos.
O atleta treina com o técnico Amair Araújo, que recebeu o prêmio “Melhores do Ano” em 2016 pelo trabalho desenvolvido na APAE de Araxá. Para o treinador, Alex garantiu sua vaga por conta dos profissionais envolvidos, do trabalho em equipe da instituição que o apoia, mas principalmente, pelo comprometimento do atleta. Amair contou que “Aos 13 anos, ele foi inserido na APAE, se deslocando da zona rural até a cidade para participar das atividades e as vezes voltando a noite para casa. As condições em que treinamos hoje não são as melhores. As vezes temos de praticar a noite, em uma pista que não possui iluminação”.
Ao longo de sua carreira, o treinador contribuiu na formação de diversos atletas, sempre movido pelo lema de “transformar deficiência em eficiência”. Para ele, a classificação de Alex para o torneio o faz ver o seu valor como técnico. “É muito bom ver um atleta treinado por você na base despontando a nível mundial”, disse Amair.
Confira agora a entrevista com Alex Santos
Como você conheceu o atletismo e como foi o começo da sua carreira?
Eu comecei o atletismo depois que comecei a estudar na APAE. Os treinadores me viram correndo jogando bola e perguntaram se eu queria fazer um teste no atletismo
Acredita que o esporte já te ajudou a superar algum desafio?
Acredito que sim. Foi em uma competição minha de salto em distância lá em Brasília. Eu pensava que nunca iria conseguir fazer o salto, pois achava muito difícil. Na hora da prova, além de conseguir bater a marca, também provei para mim mesmo que conseguia participar dos torneios.
O que te inspira no esporte?
O que me inspira é um colega meu, o Daniel Martins atleta da seleção. Eu sempre pensava “um dia eu quero chegar onde ele está”. Aí no treino eu batalhava cada vez mais. Agora com essa oportunidade, irei trabalhar bastante e espero chegar no nível dele. Quando eu ver que o alcancei, vou treinar mais ainda para continuar melhorando.
Salto em distância, 100 e 400 metros rasos… Como funciona sua rotina de treinamento com tantas categorias?
Na terça, quarta e sexta, eu treino as provas de corrida na pista do batalhão ou o salto em distância na caixa de areia da Associação Esportiva Dínamo. Nas segundas e quartas, o treinamento é na academia.
Em 2017, você ficou no Top 5 do Ranking Nacional da categoria F20 e T20 no salto em altura, salto em distância e nos 400 metros rasos. A o que você atribui essas conquistas?
Nem sei o que falar… Fico até sem palavras… Mas ao treinamento e as pessoas me incentivando ainda mais, pegando no meu pé nos dias que não ia treinar dizendo “quem tem que chegar longe é você, não nós”. Eu colocava isso na cabeça e ia, mesmo quando estava chovendo.
Somente 4 atletas brasileiros foram convocados para participar do Desert Challenge Games. Como se sente por fazer parte dessa elite?
Me sinto muito feliz e até agora não estou acreditando que isso está acontecendo na minha vida. É o que eu mais esperava, viajar para fora do Brasil pela Seleção. Só quando chegar lá que eu vou acreditar mesmo.
Quais categorias você vai disputar e quais as suas expectativas para o torneio?
Vou disputar o salto em distância e talvez salto triplo ou os 400m. Espero chegar lá e dar o meu melhor, ficar entre os primeiros representando o Brasil. E se não der, vamos tentar de novo. Não pode é desistir.
Você participou de diversas competições ao longo de sua carreira. Quais são os seus sonhos para os próximos anos?
Disputar o salto em distância nas Olimpíadas de Tóquio.
O que significa esporte para você?
Significa tudo pra mim porque o que mudou minha vida foi o esporte. Antes eu não tinha nada para falar a verdade, mas depois que conheci o esporte, foi mudando… Então por isso ele é tudo pra mim.
Qual dica você daria para quem está começando no atletismo?
Não desistir dos seus sonhos e batalhar mais ainda. Se você não conseguiu na primeira, pode conseguir na segunda ou na terceira, porque nada é fácil para ninguém.
Observatório do Esporte