Amair de Araújo sempre viveu para o esporte. Praticando várias modalidades desde criança, hoje o treinador do atletismo paralímpico dedica-se, com muito amor, a ensinar atletas paralímpicos da APAE de Araxá a superar suas limitações.
Confira a entrevista completa do Observatório do Esporte de Minas Gerais:
Como você conheceu o esporte?
No ano de 2000 comecei a trabalhar na APAE. Nessa época eu não era formado em Educação física ainda, apenas em Ciências Biológicas. Iniciei a graduação em Educação Física em 2006 e foi por meio do Professor Rogério, de Uberlândia, que conheci o esporte paralímpico e comecei a estagiar na área.
Além disso, havia uma professora na APAE que ensinava o Atletismo, com quem comecei a trabalhar e por meio de quem tomei gosto e amor pela modalidade.
Fale sobre a rotina de seus atletas nos treinos. Há diferença no treinamento de atletas com deficiência e sem deficiência?
Hoje temos na instituição atletas de alto rendimento e atletas de educação, que é o atleta que levamos para os Jogos Escolares e Paralimpíadas Escolares. Os atletas de rendimento têm uma carga mais pesada, treinando todos os dias da semana revezando entre pista, academia e piscina. Já os atletas escolares treinam 3 vezes por semana, devido às aulas que requerem maior dedicação.
O diferencial de trabalhar com o atleta paralímpico é o retorno que nós, treinadores, temos em ver a superação das dificuldades através do esporte.
“Eu digo que é transformar deficiência em eficiência.”
E não é uma diferença ruim, é uma diferença motivadora.
Como você avalia a estrutura do esporte paralímpico no Brasil?
Nós estamos em uma excelente estrutura. Nessas duas últimas gestões do presidente do Comitê Paralímpico, houve renovação do comitê por meio de cursos para técnicos e novas competições. Foi uma mudança radical para melhor. As paralimpíadas foram muito importantes também, apesar de o Brasil não ter ficado no top 5, que era a meta estipulada, engrandeceu muito o esporte.
Como você avalia as categorias de base atualmente? Podemos esperar novos talentos surgindo nos próximos anos?
Já melhorou muito, mas tem muito o que melhorar. Nós temos poucas competições para a idade escolar, que é a idade fundamental para o jovem tomar gosto pela atividade esportiva. Em Minas Gerais a única competição para deficientes, além das olimpíadas da APAE, é o JEMG, o que é muito pouco, pois deixa os atletas que não vão para os jogos nacionais ociosos.
O que significa o esporte para você?
O esporte é o que eu vivo. Desde criança sempre pratiquei esporte e gosto de qualquer modalidade. Já disputei os Jogos do Interior de Minas, campeonatos mineiros… O esporte fez parte da minha vida inteira e hoje faz parte dela por meio do esporte paralímpico.
“Eu não consigo ver a minha vida longe do esporte.”
Quais foram suas principais conquistas e as mais marcantes?
Nós temos aqui uma atleta deficiente visual que já disputou 12 campeonatos mundiais; De 2009 até hoje nunca deixamos de levar pelo menos um atleta às Paralimpíadas Nacionais; sempre temos atletas nas etapas nacionais no Circuito Caixa e nesse ano tivemos um atleta com índice A para o Campeonato Mundial de Londres.
Mas as minhas maiores conquistas é ver os nosso atletas recebendo Bolsa atleta escolar, bolsa atleta escolar e estar entre os três melhores ranqueados nas categorias que eles disputam.
“Minha maior conquista é a satisfação. Satisfação em ver meus alunos felizes, superando suas limitações, mostrando para a sociedade que eles são iguais a qualquer atleta.”
Qual a sensação de ter sido premiado no “Melhores do Ano 2016”? A que você atribui esta conquista?
Eu fiquei mais feliz do que da primeira vez em que fui premiado. Infelizmente não pude ir receber o prêmio por causa de uma competição, mas essa conquista não é minha, é toda dos atletas.
“Se não tiver atleta, não tem o Amair técnico.”
Quando cheguei lá e mostrei a eles a medalha e o troféu disse: essa conquista é de vocês. Vocês que se dedicam, treinam e são vocês que estão lá nas competições vencendo. Se vocês não existissem, esse prêmio não estaria em minhas mãos.
Um recado para os técnicos que queiram iniciar carreira esporte ou que estão começando
Dificuldades vão aparecer? Muitas. Principalmente no esporte paralímpico que não é tão difundido. Deve-se buscar espaço entre modalidades que estão a quilômetros da modalidade paralímpica.
Então não pode desanimar. Dê a volta por cima e, principalmente, estude. Corra atrás do conhecimento, especialize-se e qualifique-se para proporcionar o melhor para nossas crianças.
“Aos novos técnicos eu peço que olhem um pouco para o esporte paralímpico. Hoje, infelizmente é uma área muito carente de profissionais e temos um leque muito amplo de trabalho. Venha para o esporte paralímpico que não vão se arrepender.”
Observatório do Esporte de Minas Gerais