Respeito, hierarquia, disciplina, superação e força de vontade são valores que Caroline Furlan carrega consigo desde os 7 anos. Após uma carreira vitoriosa, a judoca agora leva uma vida mais leve, participando de alguns torneios por prazer em competir e ensinando todos esses valores à filha.
Conheça mais da trajetória da atleta Carolina Furlan, judoca premiada no Melhores do Ano de 2016:
Quando você decidiu se tornar uma atleta? Como foi o início?
Quando eu tinha 7 anos, passei em frente a academia enquanto voltava da escola, achei interessante e me inscrevi nas aulas sozinha. Cheguei em casa e avisei a minha mãe que iria começar a treinar judô. Aos 9 anos comecei a competir e aos 12 eu me mudei para Varginha e comecei a me profissionalizar, fazendo dois treinos por dia, participando de competições e já tendo como meta participar de uma Olimpíada.
Você tem algum ídolo em quem se inspire? Por quê?
Na verdade tenho um no masculino e um no feminino. No feminino, a Fabiana Yokuda, minha grande fonte de inspiração. Ela foi minha colega de treino no Minas Tênis Clube. Já no masculino, eu me inspiro muito no Leandro Guilheiro, meu colega de treino em Santo. Ele tem um judô perfeito, disciplina perfeita… todas as característica de um atleta de ponta, sempre me espelhei nele.
Qual o maior desafio que você enfrentou no esporte? E como superou?
Acredito que o maior desafio, quando mais nova, era participar das competições. Hoje em dia, o judô tem muito mais apoio do que na minha época. Antigamente nós tínhamos que arcar com os custos, usando recurso do próprio bolso. Além disso, existe o desafio de superar lesões, manter o peso para as competições, sair de casa para treinar fora, além das próprias competições. No esporte sempre há um desafio.
Quais as principais mudanças que o esporte trouxe à sua vida?
Para mim esse é o principal ponto a ser abordado. Eu não sei o que seria de mim se não tivesse seguido essa carreira porque o judô realmente transformou a minha vida. Além de um esporte, ele carrega uma filosofia. Ele me trouxe tudo: respeito, hierarquia, disciplina, superação, força de vontade. São várias características que aprendemos praticando judô e que levamos para a vida.
Hoje vejo todos os judocas como pessoas diferenciadas e é engraçado como nós do meio temos uma convivência muito melhor, por termos valores muito próximos vindos da base que nós temos.
Toda criança deveria aprender judô na infância para se tornar um adulto melhor.
Qual a competição que mais lhe marcou?
Quando me sagrei campeão dos JAB’s – Jogos Brasileiros Abertos abertos de judô, em 2006. Foi o meu melhor desempenho, porque em cada luta consegui aplicar uma técnica diferente, com uma versatilidade de golpes que não é uma característica minha. Geralmente tenho um ou dois golpes mais fortes e nessa competição eu estava inspirada. Foi tudo perfeito, eu estava realmente iluminada, não vou me esquecer desse dia.
Quais suas principais metas para os próximos anos?
O judô é para mim algo que completa a minha vida. Eu estou com 31 anos agora, sou mãe e devido à fase da vida que já me encontro, não tenho mais como meta a ida para as Olimpíadas. Hoje participo de campeonatos sem pretensões, mais para garantir satisfação pessoal e meu bem estar. Luto no JIMI, Campeonato Mineiro e nas competições que aparecem e são possíveis de participar.
Hoje eu tenho uma carreira leve e sem cobranças.
Qual a sensação de ter sido premiado no “Melhores do Ano 2016”?
É uma sensação de reconhecimento muito grande. Não só por 2016, mas por tudo que eu já fiz pelo judô e tudo o que ele fez por mim. Quando eu era mais nova disputei diversos campeonatos e não havia uma premiação como essa. Para essa geração de agora e que tem premiações assim é um incentivo muito grande. Fiquei muito satisfeita que, mesmo mais velha, recebi um título desses. O Melhores do Ano é uma iniciativa muito importante pois estimula o atleta.
O que significa o esporte para você?
O esporte é essencial. Não só pela questão da saúde, mas por todos os benefícios que estão atrelados a ele. Cada um tem que descobrir qual esporte tem prazer em fazer e isso é inevitável hoje em dia, porque como tudo está tão automatizado, nós acabamos entrando em um sedentarismo e nem percebe.
Além disso, ele dá oportunidade para muita gente e tem condições de mudar a vida de muitas crianças, plantando a semente da esperança. Um exemplo disso foi um projeto em que trabalhei, no qual tínhamos uma hora de aula e meia hora de bate-papo. Nesse bate papo eu dizia aos meus alunos para tentar vagas em alguma faculdade, ter uma profissão e hoje sou muito orgulhosa, pois tenho um aluno estudando em uma Universidade em Ribeirão Preto. E tenho ciência de que o esporte trouxe isso para ele.
Um recado para os jovens que queiram praticar o esporte ou que estão começando.
Hoje nós temos muitos recursos para inúmeras modalidades, as portas estão mais abertas. A dica que eu dou é: descubra aquilo que te dá prazer em fazer. Você tem que sentir prazer ao praticar alguma modalidade e naquela que você se encontrar, agarre-se nela. Com todas as oportunidades que existem, além da carreira no esporte, o jovem tem condições de um bom futuro.
Observatório do Esporte de Minas Gerais