O esporte pode passar a fazer parte da vida das pessoas por diferentes razões. Para Larissa Paiva, de 26 anos, o ciclismo surgiu para ajudar a superar um problema pessoal. A escolha pelo pedal aconteceu pela forte influência do esporte em Araxá, cidade onde ela morava. Atualmente, Larissa faz planos, cumpre metas e colhe os frutos da escolha que fez. A atleta foi contemplada pela Secretaria de Estado de Esportes com o Prêmio do Esporte Mineiro, na categoria Atleta do Ano (Modalidade Individual – JIMI Feminino). Além disso, ela coleciona bons resultados como o título da Copa Inconfidentes de Moutain Bike, o título da etapa brasileira da Copa Internacional de Mountain Bike, disputada na Costa do Sauípe (BA) e a primeira colocação na etapa estadual do JIMI 2017, em Lavras.
A atleta, em entrevista ao Observatório do Esporte, falou sobre a trajetória no esporte, a presença feminina no mountain bike e muito mais. Veja abaixo a entrevista completa.
Como foi o início da sua trajetória esportiva:
Eu comecei no esporte, em 2008, e depois de um ano e meio passei a competir. A partir daí levo o esporte como trabalho. Passei por várias equipes e no ano passado, que foi quando recebi o prêmio, corri pela equipe defendendo a cidade de Lavras.
Ao longo dos anos de carreira, qual foi o seu maior desafio? E como superou?
Eu entrei no esporte, na verdade, porque eu tinha depressão. Aí procurei fazer alguma atividade física e aqui na cidade muita gente pedala eleva a sério o esporte. Então o pessoal me convidou e aí comecei a pedalar. Quando comecei a competir e levar mais a sério o Mountain Bike, consegui ser a quarta melhor no ranking brasileiro sub23.
Como você avalia a participação feminina no cenário atual do Mountain Bike?
Acho que cresceu bastante. Quando entrei eram poucas mulheres e as provas que podíamos competir eram bem específicas. Depois das Olimpíadas melhorou bastante uma vez que o número de vagas olímpicas cresceu e assim surgiu oportunidade de correr uma atleta feminina. Isso facilitou porque fez crescer o número de competições e competidoras.
O que o esporte representa na sua vida?
Eu ainda não consigo me dedicar 100% ao esporte, mas é uma coisa que eu gostaria e tenho muita vontade de conseguir. Tenho prazer em andar de bicicleta, não é só pelo lado competitivo, o que mais me motiva é gostar de pedalar e de praticar o esporte, o que para mim representa muito .
Você tem algum ídolo no esporte? Se sim, qual? Se não, o que lhe inspira?
Sim, tenho dois ídolos, que são atletas brasileiros: o Henrique Avancini e a Raíza Goulão. Ela porque também começou do zero e hoje vive na Europa, competindo e com uma estrutura boa de equipe, como também é o caso do Avancini. Atualmente, ambos têm projetos com atletas de base e acho isso muito legal porque dá possibilidade de mais atletas entrarem no esporte.
Você alcançou a primeira colocação no JIMI 2017. Como foi sua preparação para esse torneio?
Até então eu nunca havia competido no JIMI, porque não existia vaga para a competição, já que focam mais no esporte coletivo. Quando me mudei para Lavras, já era o segundo ano em que existia a possibilidade de competir. Então, como eu vinha treinando, a temporada não havia acabado e eu havia participado de um bom número de provas, o que casou com a oportunidade do pessoal daqui não ter ninguém para defender a cidade na prova. Com os bons resultados fui convidada e foi uma honra competir por Lavras e no fim deu tudo certo.
Você representou o Brasil na Copa Internacional na Costa do Sauípe, competição que você terminou em segundo lugar. Como é representar o país em competições internacionais?
A Copa Internacional é uma competição por etapas e nessa realizada na Costa do Sauípe cheguei com uma colocação muito boa no ranking. A competição abrangia países de toda América Latina. Ter a oportunidade de correr e representar o Brasil, ir até a Costa do Sauípe, saindo daqui de Minas, é um pouco mais difícil. Eu fiquei muito feliz com a oportunidade e com o resultado fui campeã da etapa e vice-campeã do evento, levando o nome da minha cidade e da equipe que me patrocinou.
Como é a sua rotina de treinamentos? Onde você treina? Faz parte de algum clube? Quem é seu treinador?
O meu treinador me acompanha há muito tempo, é quem sempre esteve comigo desde que entrei no esporte, o Leandro do Carmo, que faz parte de uma assessoria esportiva chamada Alto Rendimento. É feita uma preparação, treino seis vezes por semana, também sou formada em Educação Física e trabalho com Ciclismo indoor. As aulas que eu ministro acabam fazendo parte da minha preparação e aí contabilizo isso no treinamento diário.
O que representa para você ser contemplada pelo Prêmio do Esporte Mineiro, promovido pela Secretaria de Estado de Esportes de Minas 2017?
Eu fiquei muito feliz, abriu muitas portas para mim. Ser reconhecida perante Minas Gerais toda foi muito legal. Eu nunca imaginei que fosse receber um prêmio desse, então fiquei emocionada.
Quais são seus planos para o futuro?
Esse ano eu pretendo ser campeã da Copa Internacional, quero aumentar o meu número de provas, correr mais durante o ano, melhorar minhas classificações e continuar trabalhando com o ciclismo, competindo.
Qual a dica que você dá para quem está começando a prática do ciclismo?
Acho que o principal é não desistir, independentemente se você venceu ou perdeu. Creio que você sempre tem que colocar objetivos e correr atrás. É muito difícil ser ciclista aqui no Brasil, ainda mais mulher porque não existe um número grande de atletas e não há tantas oportunidades para nós mulheres como existem para os homens. Acho que é não desistir, continuar treinando, sempre se preparando e correndo atrás.
Observatório do Esporte de Minas Gerais