Divulgado nos primeiros meses deste ano, o terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015 revela que aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas brasileiras. Trata-se de um índice preocupante e que merece uma visão mais aprofundada. Grande parte dos casos de bullying escolar acontece quando a vítima possui algum componente estético destacado e, em muitas ocasiões, durante as aulas de educação física. Seja no momento em que a criança acima do peso, por exemplo, é colocada a correr durante a aula, com as mais magras levando clara vantagem ou quando mais tímidos têm que demonstrar habilidade para interagir com algo que nunca haviam feito.
Esses e muitos outros exemplos acontecem, infelizmente, na postura ausente do professor, principalmente daqueles que se preocupam com a obediência às regras do jogo em detrimento à criação de um ambiente de desenvolvimento social, emocional e de respeito às individualidades. Os profissionais da educação física podem e devem fazer a diferença para frear o grande número de casos de bullying escolar. Há uma forma de conseguir isso.
Basta pensá-la de modo educacional, como acontece com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar, compreendendo como o corpo e o organismo funcionam e como pode ficar debilitado na falta da prática de uma atividade física. Os bons profissionais da educação física estudam e têm base para agir assim.
A questão é colocar o conhecimento em prática e, nas aulas, planejar e usar o imenso universo de conceitos e ideias da área para explicar, dar base e informações para o aluno. Essa mudança de mentalidade do professor fará o aluno praticar a atividade física não de forma mecanizada e até contra a vontade, mas de um modo que entenda o exercício e o corpo, não apenas o seu como também o de seu próximo. Isso fará com que cada jovem se entenda melhor e compreenda as limitações e diferenças de seu colega, o que é fundamental na construção do respeito e, entre outros saudáveis resultados, a redução de casos de bullying escolar.
Fonte: Eu atleta – Disponível em <https://goo.gl/adnCKE>, acesso em 30 de novembro de 2017