A anatomia dos atletas e a influência nas modalidades esportivas

Publicado em 04/10/2017 por

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Foto: Raya Sader Bujana / Pinterest

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Cada esporte possui uma especificidade e, em alguns deles, o biotipo dos esportistas é preponderante durante as práticas e competições. É de conhecimento popular que no vôlei e no basquete os jogadores precisam ser altos, enquanto que na ginástica artística os mais baixos se despontam. Mas os técnicos, em uma peneira, analisam outras variáveis que influenciam no rendimento de cada participante, não só nessas modalidades como em tantas outras. Em algumas delas existem características que fazem alguns saírem à frente, mas sempre aliados à qualidade técnica. Em outras, elas são necessárias, mas não decisivas, enquanto em algumas existem adequações para cada praticante. No paradesporto, os técnicos observam aspectos dependendo de cada uma das deficiências.

Além do tamanho

Segundo esporte mais praticado no país, o vôlei também é conhecido por ser disputado entre gigantes. Porém, outros aspectos contam. Técnico do time juiz-forano JF Vôlei, Henrique Furtado, explica que no período em que os atletas estão em desenvolvimento, ainda nas categorias de base, buscam-se certas especificidades. “Procuro alguém com alta envergadura e capacidade de salto, que às vezes não é tão alto, mas tem força no membro inferior com bom alcance para ataque e bloqueio. A altura ainda é a característica anatômica predominante, mas também o atleta deve ser longilíneo e magro”, explica. Essas particularidades influenciam porque “é um esporte em que as capacidades de alcance, ataque, bloqueio, são importantes para determinar a pontuação em uma partida”, diz. Henrique considera alturas interessantes a partir de 1,95m para o naipe masculino, enquanto 1,80 a 1,85 para o feminino. Na modalidade, existem cinco posições, e uma delas, o líbero é especializado na defesa. “Ele é, geralmente, mais baixo, mas algumas seleções já têm líberos grandes que conseguem ocupar mais espaço dentro da quadra. Mas nos outros setores é procurado um jogador que atenda a esses aspectos, mas o que ainda conta mais é a capacidade técnica”, finaliza.

Esporte com maior média de altura dos Jogos Olímpicos, o basquete também busca outras particularidades, segundo o treinador do time do Praia Clube de Uberlândia, Luís Côrrea, que trabalha com formação de jogadores. “Observamos, primeiramente, os garotos longilíneos, com canelas finas, braços longos e pés e mãos grandes. Também olhamos a aptidão coordenativa e habilidade motora. Isso acontece porque hoje o jogo é muito mais físico, de contato e força, deixando de ser tão técnico”, explica. No masculino, os jogadores que conseguem um destaque maior estão acima de 2m, enquanto no feminino acima de 1,8m. Nas posições, a altura também é um quesito importante, sendo que os jogadores que atuam como alas-pivôs e pivôs devem ser maiores e mais fortes, uma vez que jogam mais próximos à cesta, atacando e defendendo. Luís também chama a atenção para a importância de se treinar os jogadores em diversas posições. “Fico preocupado com os garotos que são grandes e os treinadores tentam especificar coisas precocemente. Independentemente do tamanho ou da força, eles têm que serem colocados para treinar como atletas universais, buscando recursos técnicos e motores aliados à força e ao biotipo”, declara.

Foto: Assessoria de Comunicação/EEFFTO UFMG

Foto: Assessoria de Comunicação/EEFFTO UFMG

Onde os mais baixos costumam chamar a atenção, a ginástica artística também faz outras observações. “Tanto no masculino quanto no feminino, a força e a flexibilidade são os quesitos mais vistos”, explica o treinador do Minas Tênis Clube, Victor Rosa. O profissional também alega que ser baixo não é uma restrição, mas que esse biotipo facilita na execução dos movimentos e acrobacias. “Isso ocorre por uma questão mecânica. Os menores têm mais recursos, mais habilidade nos aparelhos, e acabam destacando mais”, pontua. Um exemplo dessa vantagem dos menores está na trava de equilíbrio. Com 5m de comprimento e 10cm de largura, ela é menor para as atletas mais altas, que têm menos espaço para as sequências de acrobacias. Outro índice comum é o baixo percentual de gordura, o menor entre os competidores dos Jogos Olímpicos se consideradas todas as modalidades.

Com quatro provas para o naipe feminino e seis para o masculino, alguns aspectos físicos fazem a diferença durante as competições. “Cada aparelho tem sua característica, mas força e flexibilidade são quase os mesmos. O Arthur Zanetti nas argolas precisa ter mais força que os outros, mas no cavalo se prejudica pelo excesso porque com uma musculatura mais definida tem dificuldade”, explica Victor. No solo, os ginastas trabalham mais a potência da perna juntamente com os membros superiores, enquanto no cavalo e nas barras paralelas é feito um trabalho de apoio onde a força nos membros superiores é mais importante.

Diferentemente da ginástica artística, na rítmica, modalidade exclusivamente feminina, as atletas são mais altas. “Elas precisam ser longilíneas, com pernas, braços e mãos longas, quadril e tronco mais curtos que o normal”, explica Maria Inês Machado, técnica da modalidade na delegação de Minas Gerais que disputa os Jogos Escolares da Juventude (JEJ). Outras características também são essenciais como a plasticidade e elasticidade acima da média, força para a realização de saltos, destreza, agilidade e ritmo.

Grandes leques

 No atletismo, com o grande número de categorias também há um grande espaço para os diversos biotipos. “Os saltadores são altos, possuem os membros inferiores alongados. Há ainda uma variação: no salto em altura, precisam ser bastante altos; em vara, terem membros superiores e inferiores fortes; e em distância, a altura não é tão importante como nos demais já que é possível compensar com a velocidade”, explica o treinador e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Fernando Oliveira. Segundo o técnico, os atletas de arremesso são mais corpulentos, no geral. No passado, eles eram mais pesados e hoje se tornam cada vez mais musculosos. “Já nas categorias de corrida existem diversas possibilidades. Geralmente, os competidores são mais magros e altos, mas isso está mudando. Os fundistas são mais magros que os velocistas e possuem menor massa corporal”, explica. Uma curiosidade apontada por Fernando é o padrão desses atletas de possuírem um centro de gravidade mais alto que o normal. Isso acontece porque, para a Física, correr trata-se de uma queda controlada para frente, e quanto mais alta uma pessoa, maior o centro de gravidade, o que a favorece na corrida.

Com sete categorias, o judô é uma das modalidades mais inclusivas. Do ligeiro ao pesado, possui atletas de 48kg e até os que ultrapassam 100kg. “Nos treinos, desenvolvemos todo um trabalho tático em função do judoca. Estatura e peso não importam tanto, mas buscamos aquele que tiver uma boa condição atlética”, explica André Chaves, treinador de judô do Centro de Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (CTE/UFMG). Um treino diferente é dado para cada tipo de esportista. “Para o mais baixo orientamos a segurar o adversário e evitar a troca de pegada e para o mais alto ser mais rápido; este é um exemplo clássico”, pontua. André expõe que em turmas de treinamento é relevante cada atleta treinar com outros de biotipos diferentes, com grande variedade, para colocar em prática diversas táticas, já que nas competições normalmente não se conhece o adversário.

Já na canoagem, onde Minas Gerais se prepara para ser uma potência, o remo é adaptado ao braço. Quem conta isso é o presidente da Federação Mineira de Canoagem, Helmer Cândido Nogueira, que também afirma: “as características fisiológicas são trabalhadas e modificadas de acordo com o estilo, existe um programa de treinamento, onde o atleta pode buscar a modificação através dela”. Segundo ele, as características não são primordiais como em outras modalidades, já que é possível buscar uma adaptação para cada esportista em cada barco.

Outro esporte em que a anatomia dos jogadores não é determinante para as competições é o futsal. Com atletas de diversas alturas, o mais importante é o percentual de gordura baixo e a força, segundo o treinador do Olympico Club de Belo Horizonte, Rafael Cozzi. “O jogo de futsal é muito intenso, então quem joga tem que ser magro e ter força nos membros inferiores, além de agilidade. A altura não faz diferença, nem mesmo para o goleiro. É um jogo de muito contato físico, por isso a necessidade da força, mas ainda assim habilidade e técnica se sobressaem”, afirma.

Biotipo: necessário, mas não determinante

“Na natação, o atleta precisa ter maior envergadura que a média, serem longilíneos, mais magros, não terem massa muscular muito grande e, ao mesmo tempo, serem fortes”, conta o treinador do CTE, Gabriel Quinan. Para ele, muitos nadadores são altos e isso pode os favorecer, mas não é um determinante. “Essas características são necessárias porque alteram a mecânica do nado. Indivíduos que têm maior comprimento de braçada têm melhor desenvolvimento”, explica. O professor também afirma que não é necessário que o nadador principiante tenha ombros largos, já que este é um aspecto que se adquire ao longo do treinamento. A natação possui quatro categorias –crawl, costas, peito e borboleta–, mas segundo o técnico é difícil pontuar uma relação entre cada uma delas e a anatomia dos nadadores. “É possível verificar um padrão de quem nada crawl e costas é maior, enquanto o de peito e borboleta é mais forte, mas essa não é uma regra”. Quinan também treina a medalhista Pan-Americana Joanna Maranhão e aponta alguns quesitos que favorecem a nadadora. “Ela é forte e magra. Tem uma boa envergadura e é longilínea, além de um padrão técnico muito bom”, relata.

No taekwondo, modalidade de combate, as características são quesitos importantes. “Como é um esporte que utiliza muito as pernas, é importante os atletas terem membros inferiores longos e serem altos, mas não ter também não é um empecilho”, explica Cristiano Arruda, também treinador do CTE. Além disso, ele enumera outros aspectos de relevância para os lutadores: serem magros, terem percentual de gordura baixo, não serem tão fortes, não serem tão largos, com braços e pernas finas, alta força explosiva e membros inferiores potentes. Para cada uma das categorias, a altura varia. “Alguém de 1,80m é alto para a categoria de até 54kg, mas é baixo para os pesos pesados, acima de 87kg. Porém, não é algo determinante, há atletas que conseguem compensar”, aponta. Segundo Cristiano, essas particularidades são importantes devido ao chute. “Aquele que conseguir fazer o chute mais rápido ganha mais ponto, além da ajuda no desvio. O acerto na cabeça dá mais ponto, quem é alto tem mais facilidade e dificulta o ataque do adversário, e também mantém o oponente mais distante”, afirma. Para aquele que não tiver a anatomia tão favorável, o treinador recomenda o alto treino de força explosiva e potência, que podem torna-lo mais rápido e colocá-lo à frente.

Mais do que a deficiência

No atletismo paralímpico, o treinador da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Ipatinga, Gustavo Silvério, analisa nas seleções que realiza os aspectos indicados por Fernando, além da deficiência do paratleta. “No esporte paralímpico, olhamos as características, mas também a deficiência já que o PCD é dividido em várias categorias. Por exemplo, o mais magro não será de fundo ou meio fundo. Essas regras acabam se aplicando menos”, afirma. Na modalidade, em cada categoria, há ainda a divisão por deficiência, física, intelectual e visual. “Em uma peneira, não necessariamente olho a altura, mas a força, a explosão, com várias baterias de teste de força, velocidade, lançamento. Mas primeiro, olho a deficiência. Se tem um atleta de 90 kg evitarei provas de fundo e meio fundo, mas não existe o ideal”, ressalta.

Já na natação paralímpica, os nadadores são posicionados de acordo com a pontuação que atingem na classificação funcional –avaliações físicas e técnicas–, segundo o treinador do time do Praia Clube e da Seleção Brasileira, Alexandre Vieira. Na modalidade as classes começam com a letra S (swimming, natação em inglês), e variam de 1 a 10 para os de deficiência física, de 11 a 13 para visual e 14 para intelectual. “Dentro da mesma classe buscamos aquele que consegue pontuar mais, mas diferentemente da natação convencional não existe um perfil clássico”, afirma.

Um olhar médico

Durante a carreira de um competidor, o acompanhamento por profissionais da saúde é fundamental para seu desempenho. Diretor da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte, Marconi Gomes categoriza as modalidades em três: as de força (anaeróbico), de resistência (aeróbico) e mistas. “Como exemplo para os que realizam maior trabalho anaeróbico, podemos citar o halterofilismo, levantamento de peso, jiu-jitsu. Já no aeróbico são os corredores de longas distâncias, ou seja, pessoas não hipertrofiadas, franzinas. Os mistos são aqueles atletas que tem componentes dos dois tipos, mas não chega a predominar um em detrimento do outro, há um equilíbrio. Por exemplo, o ciclista que trabalha com aeróbico, mas precisa de força. São mais corpulentos, não têm tanta hipertrofia, mas têm maior força porque precisam de potência”, explica.

O médico ainda cita outros exemplos, como o futebol de campo. Os laterais jogam em uma posição onde é necessário serem rápidos e serem preparados na questão de resistência. Os judocas precisam de força e, ao mesmo tempo, de um grau de condicionamento aeróbico. O atletismo é uma modalidade que, como no caso dos biotipos, também atende as categorias de força e resistência. Na primeira, o levantamento de peso e corredores de curta distância, mais corpulentos, se encaixam. Já no segundo, são colocados os maratonistas, pois são mais magros e têm menor desenvolvimento muscular. A natação é um caso próximo ao do atletismo. Os de explosão, como César Cielo, precisam de mais força, enquanto os fundistas e meio-fundistas, como Thiago Pereira, trabalham como os maratonistas.

Foto: Assessoria de Comunicação/EEFFTO UFMG

Foto: Assessoria de Comunicação/EEFFTO UFMG

Uma curiosidade apontada pelo médico esportivo é como o coração se encaixa nesse cenário. “Conforme o tipo de exercício, eles são diferentes. Nos esportes que exigem mais força, o coração é mais grosso, tem maior espessamento da musculatura, cavidade menor do que aqueles dos atletas de exercício aeróbico, onde é mais dilatado, tem alta frequência e bombeia grande volume de sangue”, afirma.

Segundo Marconi, os atletas olímpicos conseguem se destacar não só pelo esforço nos treinos, mas também pela herança genética. “Eles têm um legado que os fazem diferentes e os colocam à frente dos demais, mas ainda dependem de níveis elevados de treinamento”, explica. O médico também ressalta a importância da assistência médica e psicológica aos atletas. “O acompanhamento médico é importante principalmente para evitar lesões. Já um psicólogo ajuda nas questões emocionais, tão importantes, por exemplo, em partidas”, declara.

Nem sempre a regra se aplica

Um dos atletas que representou Minas Gerais nos Jogos Rio 2016, o nadador Ítalo Manzine, de 1,80 m, é muitas vezes considerado baixo para a modalidade e para as provas que realiza. Para contornar o que é considerado desvantagem para muitos profissionais da cadeia esportiva, o nadador buscou alternativas. “Tive que usar a criatividade. Como tenho uma envergadura baixa, consigo uma frequência maior, girando o braço mais rápido e tendo menor gasto energético. Com as fibras encurtadas, concilio tudo isso com uma boa técnica de estilo”, conta. Atualmente competindo pelo Minas Tênis Clube, Manzine foca em seus treinos a qualidade técnica, a eficiência da braçada e a diminuição do arrasto dentro d’água.

Na cidade de Paraguaçu, no Território Sul, o nadador viveu dos cinco aos 16 anos. Foi na escola de natação que ele já começou a despontar. “Quando mais novo a altura nunca chegou a me prejudicar (nas competições), porém eu sofria muito preconceito. Universidades norte-americanas se recusaram a me dar uma bolsa por causa disso”, relata. Para ele, cada vez menos as pessoas acreditam que a estatura seja um determinante para a natação. “A altura não pode ser uma desculpa para inferiorizar os menores. Existem outros fatores que o nadador pode buscar e que colaboram para um bom resultado. Não podem desmotivar quem está começando por isso”, comenta.

Vítor Gomes/Secretaria de Estado de Esportes 

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