O metabolismo aeróbico é muito mais eficiente na geração de energia celular do que o anaeróbio, por exemplo. Mas essa eficiência, em termos de energia, possui um custo: a produção de espécies reativas de oxigênio. O excesso dessas moléculas no organismo pode danificar proteínas, lipídios e DNA, e quando a carga de radicais livres na célula excede sua capacidade antioxidante, considera-se que existe um estado de estresse oxidativo.
Estima-se que o estresse oxidativo contribua para muitas doenças degenerativas, incluindo câncer, inflamação crônica, diabetes mellitus (DM), doença de Alzheimer e doença de Parkinson. Para reduzir o risco de danos celulares por estresse oxidativo, as células possuem mecanismos de defesa. Embora as espécies reativas de oxigênio sejam geralmente consideradas prejudiciais são necessárias de forma controlada para a sinalização celular e defesa do corpo. Ou seja, apesar da fama de vilões, existem diversos processos fundamentais para o funcionamento celular que dependem dessas moléculas.
Para manter esse equilíbrio, o corpo possui moléculas que são consideradas “guardiãs” das células e uma das mais poderosas é o fator de transcrição Nrf2. Este regulador mestre do sistema de defesa interno foi descrito como guardião da vida útil pela sua capacidade de proteger a saúde e evitar o processo de envelhecimento. Nrf2 age como um termostato, mas em vez de regular a temperatura, ele regula o nível de estresse dentro das células do corpo. Ou seja, ele atua quando esses níveis ultrapassam o estresse benéfico. No mundo atual, o estresse é inevitável, mas a boa notícia é que em pequenas quantidades ele pode até ser benéfico, pois libera algumas substâncias responsáveis pela manutenção do foco, energia e do estado de alerta. Só que o excesso pode anular esses benefícios e produzir uma quantidade excessiva de radicais livres, aumentando o risco de doenças.
Esse estresse pode acontecer por uma variedade de estímulos:
– Psicológicos: excesso de atividades, problemas de relacionamentos, dificuldades de resolução de problemas, entre outros.
– Ambientais: exposição à toxinas, contaminantes da água, poluição do ar, agrotóxicos.
– Físicos: sedentarismo, falta de sono, lesões, atividade física extremamente intensa.
– Nutricionais: alimentos processados, deficiências de nutrientes, excesso de alimentos, alterações metabólicas.
Com o acúmulo de fatores estressores, o Nrf2 responde aos níveis de estresse aumentados ao sinalizar para a célula a necessidade produção de moléculas protetoras que funcionam para trazer níveis de estresse de volta dentro do alcance normal. Essas moléculas atuam removendo toxinas que causam danos celulares, removem células danificadas e melhoram a função celular. Assim, o Nrf2 ajuda a minimizar os efeitos negativos que as altas cargas de estresse podem ter no corpo.
Uma das maneiras de estimular o Nrf2 é através da alimentação adequada. Existem alimentos e micronutrientes que estimulam essa molécula, equilibrando o corpo e protegendo contra os danos causadas pelo excesso de estresse:
– Abacate: rico em vitamina C, vitamina E e gorduras insaturadas saudáveis.
– Mirtilos: fonte de antioxidantes naturais, fruta extremamente benéfica e de baixo índice glicêmico.
– Maçãs: fitoquímicos como a quercetina, a catequina, a floridzina e o ácido cromogênico fazem da maça um superalimento.
– Uvas: as uvas vermelhas, roxas e pretas, são uma excelente fonte de antocianinas (uma classe de antioxidantes).
– Espinafre: elevado em antioxidantes, como betacaroteno, vitamina C e luteína.
– Brócolis: Flavanoides como o kaempferol e a quercetina, bem como os carotenóides, como a luteína, a zeaxantina e o beta-caroteno, fazem dos brócolis uma excelente escolha.
– Tomates: Com uma alta concentração de licopeno que é parte da família antioxidante chamada carotenoides.
– Açafrão: contém curcumina com alta atividade antioxidante.
– Chá verde: contém catequinas como o galato de epigalocatequano, outro fitonutriente com alta atividade antioxidante.
– Pimenta do reino: contém piperina que mostrou ser um eliminador de radicais livres.
Esses são apenas alguns exemplos. A alimentação o mais diversificada possível é a chave para um corpo saudável, equilibrado e com mais energia.
Fonte: globo.com/Euatleta