Desenvolvido especificamente para deficientes visuais, o Goalball foi criado em 1946, pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, com objetivo de reabilitar e socializar os veteranos da Segunda Guerra Mundial que ficaram cegos. E se tem algo que a atleta Letícia Silva entende é de reabilitação. Após descobrir a perda da visão aos 11 anos, a atleta de Uberaba fez do esporte sua força. Agora, aos 17, Letícia é peça chave da Seleção Brasileira. A atleta conversou com o Observatório do Esporte sobre a carreira, conquistas e planos para o futuro. Confira:
Como você conheceu o goalball e quando decidiu se tornar atleta?
Eu conheci o Goalball por meio da minha mãe, que também pratica a modalidade. Na verdade, cresci no esporte junto com ela e, aos 12 anos, comecei a praticar.
Qual foi o maior desafio da sua carreira? E como o superou?
Eu entrei para a Seleção Brasileira muito nova, ao 15 anos, e foi bem difícil chegar até lá. Mas eu consegui lidar com tudo isso e estou aqui até hoje.
O que ou quem lhe inspira?
Eu me inspirei na minha mãe. Como eu disse, eu sempre a acompanhei e hoje jogamos juntas na equipe da Associação dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel).
O que fazer para fortalecer o esporte paralímpico em MG?
Acredito que falta investimento, porque o atleta paralímpico precisa de muito suporte para realizar viagens, para adaptar os treinos. Geralmente são prometidas bolsas, recursos, mas sempre cortam, porém precisamos muito desses recursos.
Campeã parapan-americana de Jovens em 2017 com a Seleção Brasileira; medalhista de prata no JEMG 2017; artilheira, melhor atleta e medalhista de prata nas Paralimpíadas Escolares 2017. O que representou essas conquistas em sua carreira? Foi um ano especial?
Foi um ano bem especial, principalmente porque as conquistas vieram umas seguidas das outras.
Você destacaria alguma dessas competições?
Destaco o último jogo do Parapan-americano de Jovens do ano passado em que ganhamos do México de 10 x 0 e ficamos com a medalha de ouro. Foi um jogo muito legal.
Para você, qual é o papel dos JEMG e Paralimpíadas Escolares?
Tanto os Jogos Escolares quanto as Paralimpíadas são formas de mostrar às pessoas com deficiência que elas são capazes de praticar um esporte, basta que busquem para conseguir.
O que representou para você ser contemplada pelo “Prêmio do Esporte Mineiro 2017”?
Essa premiação foi muito importante porque eu cresci na Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba (ADEFU), onde aprendi tudo e, mesmo integrando a equipe da Adevibel, desde o ano passado, eu ainda continuo treinando na ADEFU e represento Uberaba e o meu estado nas competições. Receber um prêmio desses no fim do ano deu uma sensação de dever cumprido e trabalho bem feito.
Há alguma outra modalidade de que gostaria de participar ou competir? Se sim, por quê?
Eu já tive vontade de praticar atletismo. Como o goalball é um esporte muito “pegado” e o calendário das competições é apertado, eu não consigo praticar as duas modalidades, mas se pudesse, o atletismo seria a outra opção.
O que significa o esporte para você?
Nossa, o esporte significa muita coisa para mim, foi o que me fez crescer muito, como pessoa. Quando descobri que estava perdendo a visão, o esporte foi um apoio, uma força.
Qual o conselho que você daria para aqueles que gostariam de praticar algum esporte, mas acreditam ter algum tipo de limitação?
Sigam de cabeça erguida e acreditem que a deficiência não é o fim. Mesmo com deficiências, temos a capacidade de praticar um esporte e conquistar medalhas. Eu sou um exemplo disso, então sigam em frente.
Observatório do Esporte de Minas Gerais