Apresentamos os principais pontos debatidos no Ciclo de Debates Muda Futebol Brasileiro – Desafios de uma renovação, realizado na segunda-feira (24/11/14), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O chefe do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Brunel Londres, Mark Williams, apresentou, no Ciclo de Debates Muda Futebol Brasileiro – Desafios de uma renovação, um estudo sobre os benefícios da ciência do esporte para a formação de jogadores de futebol. O pesquisador realizou uma palestra magna na abertura do evento.
Segundo o professor, o uso da ciência do esporte no futebol, como é feito na Inglaterra, tem gerado impactos diretos no campeonato daquele país e melhorado sistematicamente o comportamento de treinadores e jogadores de elite. Ele explicou que essa linha de estudos, ainda recente, envolve psicologia, fisiologia, biomecânica e saúde. “Para se ter uma ideia do crescimento da ciência do esporte no Reino Unido, em 1998 poucas universidades ofereciam o curso, e hoje mais de 90 academias têm o estudo em sua grade curricular”, disse.
As razões para os resultados ruins do futebol brasileiro nos últimos anos, assim como propostas para solucionar o problema, foram discutidas no painel “Recursos humanos: Formação e aprimoramento”.
A falência do futebol brasileiro foi apontada pelo diretor-executivo do Centro de Excelência em Performance de Futebol, Francisco Adolfo Ferreira. Ele, que foi também preparador físico de times como Atlético e Cruzeiro, leu seu artigo produzido logo após a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo. “Essa derrota foi só a gota d’água”, disse. Ele também relembrou maus resultados anteriores da seleção, como a desclassificação para as Olimpíadas de 2004.
Como razões para isso, ele citou a falta de investimento em treinamentos que privilegiem a tática, o pensamento rápido e o trabalho em equipe, que deveria substituir o modelo atual, focado nos treinos físicos. Ele ainda citou a estrutura administrativa do futebol nacional como problema. “Uma confederação sem fins lucrativos que lucra R$ 400 milhões por ano; dirigentes de federações estaduais que se recusam a largar o osso e se perpetuam no poder; dirigentes de clubes que enriquecem durante a gestão enquanto seus clubes se afundam em dívidas”, exemplificou.
“Eu represento este triste momento do futebol brasileiro”. Assim o jogador definiu o estágio de desorganização, descrédito e gestão ineficiente do esporte favorito dos brasileiros. Ele participou do painel “Gestão e Governança”.
O jogador revelou que não imaginava que o futebol chegaria a esse momento crítico, e a experiência que teve nos últimos dois anos no Operário fez aumentar sua descrença. “O produto que é vendido para a população brasileira é mentiroso. Poucas pessoas sabem que a maior parte do que é tratado com os jogadores, principalmente das divisões inferiores, não é cumprido”, desabafou.
O investimento no desporto educacional e a garantia de proteção e escolaridade às crianças e adolescentes que se dedicam às atividades esportivas foram alguns dos pontos defendidos pelo procurador do Ministério Público do Trabalho Genderson Silveira Lisboa, durante o painel “Políticas públicas e legislação”, que encerrou o Ciclo.
“Educação é um direito fundamental e no atual estágio de avanço social em que estamos, não podemos admitir jovens atletas que não estejam matriculados na escola”, disse o procurador. Para ele, é preciso modificar o conceito, hoje disseminado, de que, para ter sucesso como atleta, não é necessário estudar. “É inadmissível que a maioria dos atletas que buscam fazer testes nos grandes clubes brasileiros esteja fora da escola”, disse. “Até porque 99% não alcançarão o sonho de ser atleta”, continuou.
Fonte: Portal da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.