Coordenar um projeto social que envolve, de acordo com a Unesco, o melhor esporte de formação inicial para crianças e jovens é um dos desafios que motivam diariamente Maria Aparecida Oliveira Martins, Assistente Técnica e Coordenadora Regional do Avança Judô, a trabalhar e se envolver com o desenvolvimento de pessoas por meio do esporte, esforço reconhecido durante o “Melhores do Ano 2016.”
Nesta conversa com o Observatório do Esporte, Maria Aparecida aborda a relação com o esporte e conta um pouco mais sobre o projeto Avança Judô, atividade com a qual está envolvida desde 2006.
Quando começou a sua relação com o judô?
Em 2006, logo no início das atividades do Projeto Social Avança Judô, no Aeroporto de Confins, quando fui convidada pela Coordenação para ver a situação alimentar dos alunos e me encantei, comecei a me envolver e estou até hoje.
Como você vê o ensino do judô nas escolas?
Como divulgação e valorização do esporte; como oportunidade da criança ter acesso ao esporte e principalmente como um desafio da necessidade de formação de Professores de Judô.
A Unesco declarou o judô como o melhor esporte de formação inicial para crianças e jovens de 4 a 21 anos. Por que o judô e não outras modalidades?
Em seu fundamento filosófico o Judô foi criado única e exclusivamente para formação disciplinar e conduta de vida, de uma forma atraente e desafiadora. Devido ao Judô não ser um esporte comum, ainda pouco acessível, isso o torna um desafio e uma novidade para a criança e para o jovem. Esses fatores são fundamentais para as mudanças pessoais, tendo em vista que é natural o ser humano querer o melhor, desafiar, buscar o melhor, é o aprender a cair e levantar do Judô que o torna forte. Além de ser uma Arte, o Judô é completo, em sintonia trabalha o físico e os sentimentos.
O Projeto Social Avança Judô é uma ferramenta nacional de inclusão social que cria condições e oportunidades para que todas as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social possam desenvolver, através do esporte. Como foi assumir a coordenação regional de um projeto de abrangência nacional e com essa missão?
Inicialmente, desafiador, mas a humildade e o acolhimento do Judô falaram alto. Quando vi e passei a fazer parte do contexto promotor de mudanças humanas, por meio do Judô, enxerguei as possibilidades e as oportunidades de mudanças de vida de um grupo fragilizado e ao mesmo tempo com potencial multiplicador, acreditei e aceitei o desafio e fui fazer o Judô para continuar a missão.
O que é mais desafiador em coordenar o projeto?
Manter o padrão de trabalho e qualidade, em meio a diversas mudanças externas, que afetam o comportamento humano e os investimentos.
O projeto revela atletas para competições escolares ou de alto rendimento? Se sim, há algum exemplo que possa citar?
Sim, neste período foram revelados talentos, tivemos uma aluna bicampeã dos Jogos Escolares de Minas Gerais, quatro campeões, cinco vice campeões mineiros e um regional. Duas terceiras colocadas nas Olimpíadas Escolares Nacional. Vários Títulos. A aluna que foi bicampeã no JEMG está atualmente no Minas Tênis Clube, já foi campeã mineira algumas vezes e bronze no Brasileiro de 2016. Agora é Faixa Preta e será nossa primeira ex-aluna a se tornar instrutora do Projeto em Minas Gerais.
O que significa o esporte para você?
Filosofia de vida e Missão. Uma forma de repassar o bem. Como o próprio fundamento: “Jita Kyoei : Bem estar e benefícios mútuos”.
Qual a sensação de ter sido premiada no “Melhores do Ano 2016”?
Inacreditável! Incentivou-me muito quanto à responsabilidade em relação ao futuro do grupo e continuar acreditando.
Um recado para os jovens que ainda encontram algum empecilho ou que estão começando no esporte.
Enfrente todas as dificuldades. Vale a pena continuar, acreditar em você, cada vez que cair, levantar de cabeça erguida, com um sentido diferente da queda, aprender a cair até ficar forte para o caminho da vida.
Observatório do Esporte de Minas Gerais