Disseminar os conhecimentos a respeito do corpo humano, aperfeiçoar ou reabilitar a saúde corporal e também abordar os inúmeros esportes, mostrando suas regras, modalidades e comportamentos são os objetivos da Educação Física enquanto disciplina escolar e acadêmica.
Recentemente, o Ministério da Educação apresentou uma Medida Provisória que propõe uma reforma no Ensino Médio ao alterar os parágrafos 1º, 2º, 3º e 7º do Art.26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O novo modelo engloba a não obrigatoriedade das aulas de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia, o que provocou diversas reações na sociedade. O MEC pretende dar início à reforma em 2019.
O ministro dos Esportes, Leonardo Picciani não aprovou a retirada da obrigatoriedade da Educação Física: “Minha posição enquanto ministro do Esporte é na defesa da permanência da educação física como matéria curricular obrigatória. A efetividade da prática não é uma questão curricular. Não creio que devemos parar por aí. Devemos avançar na prática da educação física, ofertando a disciplina ao total de estudantes, seja com a presença de profissionais da área ou com a oferta de equipamentos e modalidades”, declarou.
O Conselho Federal de Educação Física também se posicionou contra a mudança em relação à Educação Física na Medida Provisória, lembrando que pesquisas recentes apontaram crescimento do sedentarismo e da obesidade infantil. O órgão ainda defendeu a permanência da matéria, afirmando que serviria como legado deixado pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ocorridos no Rio de Janeiro, nos meses de agosto e setembro.
Ana Moser, medalhista olímpica de vôlei e sócia fundadora da ONG Atletas pelo Brasil, é uma das que levantam a bandeira contra o modelo proposto de reforma. Para justificar sua opinião, a ex-atleta relembrou a década de 80, no qual a matéria também não era obrigatória, mas que acabou gerando consequências nos alunos.
“Acabar com a Educação Física é um retrocesso. Voltamos para a década de 80, quando não tínhamos a obrigatoriedade da Educação Física. Isso gerou um prejuízo para a cultura da prática motora na escola, e o preço se paga até hoje. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, por exemplo, mostram que quase 70% dos alunos são sedentários. Trata-se de uma questão de saúde pública”, declarou.
Além da saúde, Ana Moser também lembra que a retirada da Educação Física é prejudicial na questão social, já que grupos param de ser formados, assim, alunos passarão a conviver menos na diversidade: “Podemos esperar a perda do potencial de desenvolvimento que a Educação Física traz: o motor, cognitivo e socioafetivo. Tira a oportunidade de convívio e formação de grupos, de aprender a conviver na diversidade e sob a ética das regras iguais que o esporte promove”, completou.
Já o Ministério da Educação, através do Ministro Mendonça Filho, defende a reforma, mostrando dados alarmantes. 1,7 milhão de adolescentes não trabalham nem estudam. A reestruturação do Ensino Médio visa diminuir o número: “Tem de haver uma maior conexão com a educação de nível médio e de nível técnico. A grande maioria das redes é separada, temos de aproximar mais para tornar a escola mais atrativa”, disse Mendonça Filho.
Participe da consulta pública promovida pelo Senado Federal manifestando sua opinião.
Fonte: Ministério do Esporte, Carta Capital, Portal da Educação e CONFEF.