O Brasil tem números expressivos quando o assunto é o mercado fitness. Segundo levantamento feito em 2016 pela IHRSA (International Health, Racquet and Sportsclub Association), a Associação Internacional do mundo fitness, são mais de 30 mil academias espalhadas pelo país, que fica atrás apenas dos Estados Unidos nesse quesito. O número de alunos matriculados em academias brasileiras passa de oito milhões. Apesar do crescimento do segmento nos últimos anos, há quem diga que a entrega de serviços do mercado fitness não é bem feita no Brasil.
Gestora técnica e operacional para academias, a consultora Patrícia Marques Lobato avalia que o marketing dos espaços fitness para atingir seu público-alvo é pouco eficaz. As campanhas e os anúncios trazem homens e mulheres com corpos esculturais, quando, na verdade, o público-alvo a ser perseguido pelas academias é o dos sedentários, que representam 45,9% da população nacional.
“As academias se apropriam só da parte estética e ignoram a saúde, a qualidade de vida e a interação social, por exemplo. A pessoa que é musculosa já é automotivada pela estética. Os outros 80% da população não conseguem se identificar nessa mensagem transmitida habitualmente. A dona de casa e o obeso, por exemplo, se sentem menos convidados a fazer parte daquele mundo de academia”, opina Lobato.
Outro motivo para o distanciamento de uma parcela da população da academia são os objetivos que os profissionais de educação física traçam para seus alunos. 38% dos brasileiros vão às academias em busca de saúde. A fatia que coloca a estética como prioridade é maior: 51%.
“Esse profissional convive com o paradigma de que a musculação é a porta de entrada para o mercado fitness. Se a pessoa que não é habitué da academia é inserida em uma modalidade que não gosta, a chance de abandonar a prática esportiva é enorme. As outras modalidades ficam subjugadas. Na cabeça deles, todo mundo precisa ganhar massa muscular. A impressão é que não ouvem a real necessidade do aluno. O aluno pode falar qualquer coisa, mas eles vão prescrever sempre treinos parecidos. Estão no piloto automático”, acrescenta. A taxa de retenção de alunos nas academias brasileiras gira entre 30 e 35%.
Fonte: Portal da Educação Física (Pedro Lopes)