Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos provocadores de mortes evitáveis, o tabagismo ainda é um problema a ser combatido por médicos e órgãos governamentais. Desde 1988, a OMS adotou um dia específico, 31 de maio, para unir esforços contra o cigarro e seus malefícios.
Fumar também é prejudicial ao condicionamento físico. Cigarro e esporte são dois nomes que não combinam. O tabaco, com todos seus componentes, é um grande vilão de um bom rendimento durante a prática de exercícios.
A capacidade cardiovascular do fumante é afetada, colocando-o em uma posição inferior aos que não fumam. Dessa forma, um esforço mais intenso, como a atividade física, é capaz de provocar infarto. De maneira semelhante, a pressão arterial também pode gerar efeitos negativos, uma vez que esta aumenta após uma tragada, podendo ocasionar AVC (acidente vascular cerebral).
Sabidamente, o sistema respiratório é um dos principais prejudicados na relação entre cigarro e corpo. De acordo com o doutor Luiz Cláudio Corrêa, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), “a fumaça de cigarros tem efeito imediato como irritante das vias aéreas causando coriza, obstrução nasal, tosse, broncoespasmo e dificuldade respiratória”.
Mas os efeitos não param por aí. “A médio e longo prazo, cigarros causam enfisema pulmonar, uma doença progressiva dos pulmões que limita a sua capacidade”, reforça o especialista.
Formado por mais de quatro mil substâncias, o cigarro apresenta alguns componentes que atrapalham diretamente o desempenho dos esportistas. Entre eles, podemos citar o monóxido de carbono (CO). “O CO diminui o transporte de oxigênio acarretando dificuldades na produção da energia necessária para a prática de exercício”, explica o doutor Luiz Cláudio.
A nicotina e o alcatrão também estão incluídos nesta lista. A primeira estreita as artérias fazendo com que a irrigação sanguínea não ocorra da forma ideal. Assim, durante o exercício, os músculos têm a ação limitada pela circulação deficitária. Já a segunda substância, o alcatrão, contribui para a redução da elasticidade dos pulmões.
Essa alteração influi na dinâmica do processo respiratório.
No entanto, o esporte pode se tornar um aliado para aqueles que desejam abandonar esse hábito. Muitos fumantes alegam que o cigarro provoca uma sensação de prazer e reduz o estresse. Esse suposto bem-estar, na verdade incompatível com o uso de uma droga, ainda que lícita, é proporcionado pela liberação de dopamina e serotonina quando a nicotina atinge o cérebro. Nesse ponto, as atividades físicas podem atuar como o “remédio” ideal. Quando uma pessoa corre, pedala ou joga bola também estimula a disseminação desses neurotransmissores.
As vantagens ao tirar o cigarro do dia-a-dia são sentidas em curto espaço de tempo.
Após oito horas sem fumar, o nível de oxigênio no sangue já se normaliza. Livre do tabaco por cinco anos ou mais, a pessoa já readquiriu grande parte das suas condições corporais antes de começar a fumar.
Está tentando parar de fumar?
Um estudo britânico aponta que quem larga esse vício de uma vez tem mais chances de conseguir parar de fumar definitivamente do que quem diminui a quantidade de cigarro aos poucos.
A pesquisa, publicada no Annals of Internal Medicine, mostrou que voluntários que adotaram a medida drástica tiveram 25% mais sucesso em continuar sem fumar depois de seis meses, embora a maioria das pessoas tenha dito que preferiria parar gradualmente.
Segundo o NHS, serviço público de saúde britânica, é importante escolher uma data conveniente para deixar o tabaco: “prometa (parar) ou marque uma data e mantenha-a”.
“Sempre que você se encontrar em dificuldades, diga a si mesmo ‘eu não vou dar uma tragada sequer’ e se mantenha firme até a vontade passar”, adverte o serviço público.
Eles também aconselham pedir ajudar profissional – como o de psicólogos e pneumologistas – para ter o apoio necessário.
Todos os 700 participantes receberam apoio e conselhos, além de acesso a adesivos de nicotina ou terapias de reposição como chicletes ou sprays bucais, cedidos pelo NHS.
Depois de seis meses, 15,5% dos voluntários do grupo “gradual” estava em abstinência, contra 22% do grupo mais drástico.
Fonte: BBC Brasil e Esporte Essencial (Ivete Silva)