Adriano Elias de Souza, ou simplesmente Mineirinho, consagrou-se campeão mundial de surfe. Aos 28 anos, o surfista natural do Guarujá, no litoral de São Paulo, é o mais experiente da “Brazilian Storm”, geração de surfistas brasileiros que invadiu a elite do esporte. Ele está há dez anos na elite do surfe.
Adriano ganhou o apelido de Mineirinho por conta de seu irmão, Ângelo de Souza, que fez carreira militar e ganhou a alcunha por seu jeito tímido, introspectivo, de poucas palavras. Assim, Ângelo foi virando Mineiro. Ao irmão 12 anos mais novo, restou a pecha de Mineirinho.
O irmão mais velho, aliás, teve papel fundamental para Mineirinho começar a carreira no surfe. Foi ele quem lhe deu sua primeira prancha – fato que o brasileiro lembrou ao conquistar o mundo do surfe.
“Quero lembrar do meu irmão, isso tudo se deve a ele. Ele comprou a minha primeira prancha por sete dólares, cerca de R$ 30, que era muito dinheiro para ele. Mas hoje estou no topo do mundo graças a R$ 30. Eu te amo”, disse Mineirinho após a vitória.
Ao longo da carreira, Mineirinho colecionou feitos até chegar ao título mundial. Foi o primeiro brasileiro na história a liderar o ranking mundial de surfe, em 2011, quando ele venceu a etapa do Rio de Janeiro – sua primeira na elite do surfe.
Ele é também o brasileiro que mais venceu a lenda do surfe Kelly Slater, 11 vezes campeão do mundo. Mineirinho bateu a lenda do surfe nada menos que 11 vezes nas 22 oportunidades em que os dois se enfrentaram.
Aos 15 anos, Mineirinho já tinha conquistado a duras penas um patrocínio internacional e podia competir nas principais praias do circuito mundial. Com a mesma idade, tornou-se o mais jovem campeão profissional de surfe no Brasil, vencendo uma etapa Campeonato Brasileiro.
Em 2004, viria seu primeiro grande feito sobre as ondas: levou o Mundial de Surfe Júnior na Austrália. No ano seguinte, Mineirinho levantou o título do World Qualifying Series (WQS), conseguindo passaporte para a elite do surfe como campeão mais jovem e com maior margem de pontos da história do WQS.
Hoje, o campeão mundial, que torce para o Corinthians, surfa com o número 13 às costas. “13 é o código de área da minha região, Guarujá e Baixada Santista. É meu número da sorte”, disse em uma entrevista neste ano. O número é também o dia do seu nascimento – 13 de fevereiro de 1987.
Há um ano, Mineirinho abandonava a etapa de Pipeline após quebrar o nariz. Passou por cirurgia e voltou com tudo: vencendo a terceira etapa do circuito em Margaret River. Um ano depois, em vez de um nariz quebrado, Adriano de Souza deixou o mar do Havaí com o troféu de campeão mundial de surfe.
Contra Mason Ho, algoz de Filipe Toledo e sobrinho do campeão mundial Derek Ho, Mineirinho não teve muitas dificuldades para vencer a bateria e garantir o título. Com ondas fracas, o brasileiro liderou durante todo combate e, com um somatório maior (6,83 x 4,70), avançou à final e pode comemorar com a torcida verde-amarela nas areias de Pipeline, considerada a Meca do surfe mundial.
Emocionado, Mineirinho dedica título a irmão e amigo assassinado
“Queria agradecer muito Deus por esse momento, fui muito abençoado por ele. Dedico esse troféu ao Ricardo dos Santos. Fiz uma tatuagem para ele e, por isso, estará comigo para sempre. Sei que está lá em cima olhando por mim. Agradeço também ao meu irmão, que comprou uma prancha de R$ 30 para mim quando era criança e hoje estou no topo do mundo. Muito obrigado! Eu te amo e amo toda minha família”, disse Mineirinho, com lágrimas nos olhos após sair do mar.
Ricardinho morreu no dia 20 de janeiro deste ano, um dia depois de ter tomado três tiros do policial Luis Paulo Mota Brentano, que estava de folga na ocasião. O surfista de 24 anos teria se desentendido com o assassino em frente a sua casa, na Guarda do Embaú, em Palhoça, Santa Catarina.
Mineirinho terminou o ranking geral com 57.700 pontos. O vice-campeonato ficou com o australiano Mick Fanning, com 54.650. Gabriel Medina fechou o pódio com 51.600 no terceiro lugar. Filipe Toledo, que sonha com o título em Pipeline, foi quarto, com 50.950.
Fonte: Esporte.Uol