Santa Luzia, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, foi fundada em 1692, durante o ciclo do ouro, período em que os aventureiros exploravam a região em busca de riquezas. No entanto, foi no dia 24 de janeiro de 1985 que a cidade conheceu seu maior trunfo: Fabiana Marcelino Claudino, ou simplesmente, Fabiana Claudino, Fabiana, ou “Fabizona”. Aos 31 anos de idade, a atleta irá para sua quarta Olimpíada e terá a responsabilidade de ser a capitã da seleção brasileira de vôlei, diante de sua pátria, em solo carioca.
Início da carreira
Tudo começou quando Fabiana tinha 1.85m de altura, aos 13 anos. O voleibol era seu destino, mas a então adolescente, relutava contra seu futuro. No entanto, Maria do Carmo Claudino, mãe da atleta, e a professora Yara Ribas convenceram Fabizona a seguir no esporte. Então, a jovem passou a treinar os principais fundamentos do vôlei, tendo a ajuda de uma parede. O esforço valeu a pena. Após passar cinco meses na escola do Minas Tênis Clube, Fabiana passou a fazer parte da categoria infanto-juvenil, sendo convocada, inclusive, para a seleção mineira e a brasileira sub-18.
Primeiro título e ascensão na carreira
Mas o grande salto de sua carreira, ocorreu em 2001. Fabiana foi promovida ao time profissional do Minas, onde conquistou o primeiro título do currículo: a Superliga 2001/2002, aos 16 anos. A atleta se despediu da equipe minastenista em 2003, para defender o Rio de Janeiro. Por lá, a jogadora foi tetracampeã nacional (2005/2006, 2006/2007, 2007/2008 e 2008/2009). Após sete temporadas em solo carioca, Fabizona decidiu que era hora de trilhar novos caminhos, e se transferiu para o Vôlei Futuro, de Araçatuba/SP, assinando, uma temporada depois, com o Fenerbahçe Universal, da Turquia, onde foi campeã da Liga dos Campeões da Europa, em 2012, ano no qual voltou para o Brasil, vestindo a camisa do Sesi-SP.
Racismo não!
Na equipe paulista, Fabiana foi campeã do Campeonato Sul-Americano, em 2014, além de um bronze no Mundial de Clubes, no mesmo ano, além de ter sido vice-campeã da Superliga. No entanto, a central iria enfrentar o mais duro golpe em sua carreira: o racismo. Era uma noite de terça-feira. Era pra ser apenas uma partida válida por mais uma rodada da Superliga Feminina. Mas não foi. Fabiana estava na Arena do Minas, mas dessa vez, para enfrentar seu clube de formação. Enquanto esteve em quadra, a atleta ouviu ofensas de um torcedor, que dizia: “Macaca, joga a bola pra macaca”.
Além da dor de sofrer injúrias raciais, era estar na frente da família, que presenciou o lamentável episódio. Logo após o ocorrido, Fabiana utilizou as redes sociais para desabafar. Em um determinado trecho, a atleta escreveu: “Eu não preciso ser respeitada por ser bicampeã olímpica ou por títulos que conquistei, isso é besteira! Eu exijo respeito por ser Fabiana Marcelino Claudino, cidadã, um ser humano”.
Seleção Brasileira
O ingresso de Fabiana na seleção se deu paralelamente com sua ascensão no Minas Tênis Clube. Nas categorias de base, a central foi vice-campeã do Mundial Sub-18 de 2001, na Croácia, competição na qual foi eleita a melhor jogadora, se destacando no bloqueio, e no mesmo ano, campeã do Mundial Sub-20, na República Dominicana. A jogadora chegou ao elenco principal com apenas 18 anos, disputando, em 2003, os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo.
Em 2004, Fabiana conquistou o primeiro Grand Prix da carreira, e o bronze nas Olimpíadas de Atenas. Apesar da seleção não ter conseguido o ouro olímpico, a central seguiu em pleno desenvolvimento com a camisa verde e amarela, conquistando, em 2006, o bicampeonato do Grand Prix, além de um vice-campeonato no Mundial. O ano seguinte não foi bom para o Brasil, que perdeu para Cuba na final dos Jogos Pan-Americanos do Rio, mas 2008 foi a redenção da jogadora e das demais companheiras: o ouro olímpico em Pequim e o triunfo da Final Four, disputada em Fortaleza/CE.
Em 2009, Fabiana carimbou mais um Grand Prix na carreira. Dois anos depois, veio o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Em 2012, Fabizona se tornou bicampeã Olímpica, após o Brasil vencer os Estados Unidos, por 3 sets a 1, em Londres. Nas duas temporadas seguintes, mais dois títulos no Grand Prix, até chegar o Pan-Americano de Toronto, em 2015, quando as americanas deram o troco nas brasileiras, levando o ouro após triunfo por 3 sets a 0.
Visando os Jogos Olímpicos do Rio, recentemente, o Brasil conquistou mais um Grand Prix, o sétimo na carreira de Fabiana, que deu o ponto do título, vencendo os Estados Unidos por 3 sets a 2.
Fabiana Claudino: a primeira atleta a conduzir a tocha olímpica no Brasil
A manhã do dia 3 de maio de 2016 ficará marcada na história de Fabiana. A capitã da seleção feminina de vôlei foi responsável por iniciar o revezamento da tocha olímpica, na rampa do Palácio do Planalto, ao lado de várias autoridades. Um filme passava na cabeça da atleta, desde o começo da carreira, os desafios, até chegar naquele momento.
Foram 200 metros que pareciam 200 quilômetros, até o símbolo olímpico chegar ao pesquisador Artur Ávila Cordeiro de Melo, primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields – o Nobel da Matemática. Após a celebração, Fabiana descreveu o momento histórico para o esporte: “Foi uma emoção muito grande, uma felicidade muito grande de estar representando todos os atletas e o povo brasileiro. Acho que tenho de agradecer este momento”, disse.
Confira a ficha técnica de Fabiana
Nome: Fabiana Marcelino Claudino
Data de nascimento: 24/01/1985
Naturalidade: Santa Luzia/MG
Peso: 74kg
Altura: 1.94m
Com informações do G1, Portal Brasil, Sesi-SP e Globoesporte.com