O número de pessoas que procura academias de ginástica para praticar atividade física vem aumentando nos últimos anos no Brasil. Obesidade, sedentarismo e recomendação médica são motivos que levam a população a buscar a prática de exercícios em academias de ginástica públicas ou privadas, gratuitas ou pagas.
Para a maioria, sobretudo pessoas de renda mais baixa, um fator que conta é o preço. Programas, com preços abaixo dos praticados pelo mercado, permitem que maior número de pessoas tenha acesso a atividades esportivas.
Pesquisa inédita feita pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) revela que o número de pessoas que procura a instituição para iniciar prática esportiva em todo o país aumentou 38 vezes entre 2009 e 2015, elevando de 699 para 27.101 o número de indivíduos atendidos. Em relação a 2016, o número de pessoas avaliadas aumentou 17 vezes, atingindo 12.029 adultos e jovens no acumulado janeiro/agosto, em relação ao início do programa.
Os dados computados pelo Sesc revelam que a maioria das pessoas passou a fazer atividade física menos, devido à hipertrofia ou condicionamento físico, e mais, devido às indicações de saúde e lazer. O percentual que buscava o projeto por hipertrofia caiu de 19,25%, em 2009, para 16,57%, nos oito primeiros meses de 2016. No ano passado, atingiu 16,06%. Em relação à saúde, observa-se um movimento de alta, passando de 18,36%, em 2009, para 22,6% em 2015, e para 23,46%, no acumulado janeiro/agosto deste ano.
Mulheres
O fato de as mulheres irem mais ao médico, que as encaminha para prática esportiva, explica, em boa parte, a prevalência de pessoas do sexo feminino que fazem atividade física de forma regular no total de pessoas atendidas pelo projeto do Sesc. Em 2009, 58,8% de pessoas avaliadas pelo projeto eram mulheres, contra 41,20% de homens. Em 2015, o número de mulheres saltou para 66,10%, contra 33,80% de homens; e de janeiro a agosto de 2016, evoluiu para 66,89%, contra 33,11% de representantes do sexo masculino.
Políticas públicas
O presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef), Jorge Steinhilber, vê o crescimento da atividade física no Brasil com boa perspectiva, porque entende que as pessoas estão aumentando o interesse nessa prática, ainda que seja de forma incipiente, “ou seja, muito lentamente”. Conforme explicou, o índice de participação dos brasileiros em atividades físicas não tem contribuído para a diminuição da obesidade e sedentarismo no país: “A gente percebe um interesse maior, mas ainda de forma pouco consistente”.
Não há, disse, uma política ou incentivo público nessa direção. Steinhilber analisou que a oportunidade da Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016 não foi aproveitada para o desenvolvimento de um projeto que estimule e leve as pessoas à prática de atividades físicas. Segundo ele, mesmo academias que cobram mensalidades baixas não chegaram a ter impacto em relação ao número de praticantes. Pesquisa do Ministério do Esporte, divulgada no ano passado, mostra que o número de pessoas que praticam sistematicamente atividades físicas alcança 28,5%: “É muito pouco, mas vamos dizer que está melhorando”.
O presidente do Confef defendeu que haja uma mudança na educação física escolar, de modo a conscientizar as crianças sobre a importância da prática da educação física para o restante de suas vidas: “O problema dessa questão toda está no processo educacional que não leva as crianças a compreenderem e incorporarem, enquanto hábito e importância, a prática de atividades físicas. Se isso acontecesse na escola, o adulto estaria fazendo (exercícios)”.
O presidente do Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região (CREF1), que compreende os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, André Fernandes, observou que o que tem ocorrido no Brasil é que a população está crescendo mais, em termos estatísticos, do que cresce o número de pessoas que fazem exercícios: “O que a gente tem hoje, no quadro real, é que a maior parte da população não é praticamente de exercícios físicos; é sedentária. Esse é um número que assusta”.
Fonte: Agência Brasil