Na bola, na técnica, na genialidade, no conjunto. Sob sol ou sob chuva. Dono de um futebol vistoso e ofensivo, o Cruzeiro escreve mais uma página heroica em sua história e, com todas as honras e méritos, borda no peito a quarta estrela de campeão nacional.
A apresentação derradeira, no domingo (24/11), no Mineirão, foi a seu feitio, cirúrgica, com um 2 a 1 sobre o Goiás que sacramentou, com duas rodadas de antecedência, aquilo que todo mundo já sabia. O título de 2014 se junta ao também épico Brasileirão de 2013, construindo-se, assim, um bicampeonato inédito e consagrando, de vez, uma geração de ídolos, de craques e de grandes promessas.
De Fábio, o capitão, líder e suas defesas inacreditáveis. De Léo, Dedé, Bruno Rodrigo e Manoel, zagueiros fortes e goleadores. De Ceará, Mayke, Egídio e Samudio, às vezes, contestados, mas fundamentais. De Henrique, Nilton, Lucas Silva, Willian Farias e Tinga, que destroem e constroem, assim, nessa sequência.
De Ricardo Goulart e Everton Ribeiro, com um futebol moderno e dinâmico, reconhecido pela seleção. De Willian, Alisson, Marquinhos e Marlone, homens da velocidade e do fôlego extra. De Júlio Baptista, Dagoberto, Borges e Marcelo Moreno, atacantes experientes e decisivos.
Todos esses caras, que se reúnem e elevam as mãos para o céu a cada gol, foram regidos por um treinador que encabeça a nova geração de técnicos do país. Marcelo Oliveira provou que um técnico inteligente, profissional e sensato vale mais do que o rótulo de um ex-jogador atleticano.
No extracampo, a equipe teve as mãos do diretor de futebol Alexandre Mattos e do presidente Gilvan de Pinho Tavares, que engoliram críticas, trabalharam nos bastidores e acharam no mercado as engrenagens de um time vencedor. Tudo isso, alavancado por uma torcida apaixonada, que abraçou o plano de sócio do clube, encheu o Mineirão jogo pós jogos e conduziu seu time à glória.
Trajetória. Em 21 de abril, a equipe celeste assumia o primeiro posto, ainda pela 6ª rodada, para não mais o deixá-lo nesta edição. Foram 23 vitórias justas ou sofríveis, o melhor ataque com 64 gols, quase dois por jogo, o melhor mandante, o melhor visitante. O time sobrou e praticamente não oscilou na competição.
A esticada na liderança foi tanta que, mesmo com alguns percalços, não houve adversário capaz de superá-lo. Nada o tirou do prumo, nem a prioridade para a Libertadores, nem a parada para a Copa do Mundo, nem a outra frente de disputa na Copa do Brasil.
Epílogo. A chuva forte que caiu na Pampulha neste domingo encharcou o campo e dificultou o toque de bola. Não havia dúvida que a qualidade técnica do Cruzeiro seria prejudicada. Mas a ânsia pela vitória era tão grande, que superar poças foi o mínimo. Assim, ainda aos 12 min, Ricardo Goulart abriria o placar.
O time goiano nem agredia tanto assim, mas achou o gol de empate dez minutos depois, com Samuel. Inexplicavelmente, a equipe estrelada diminuiu a força, e o Goiás arquitetou lances de perigo. Para o segundo tempo, a chuva parou e o gramado melhorou.
Aos 11 do segundo tempo, chegou a informação do gol do São Paulo sobre o Santos. Pela primeira vez, a equipe que começou campeã, estava com a festa adiada. Era questão de instantes. O time, que parecia um pouco desanimado, se restabeleceu. Não deu outra. Bastaram mais seis minutos para Everton Ribeiro fazer o Mineirão tremer de novo. Estava selado, de uma vez por todas, o tetracampeonato nacional.
CRUZEIRO 2 X 1 GOIÁS
Motivo: 36ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Mineirão, em Belo Horizonte-MG
Data: 23/11/2014 (domingo)
Árbitro: Paulo Henrique de Godoy Bezerra
Público: 56.769 pagantes
Renda: R$3.609.142,00
Cartões amarelos: Henrique (Cruzeiro); Thiago Real(Goiás)
Gols: Ricardo Goulart aos 12 e Samuel aos 22 minutos do primeiro tempo, Everton Ribeiro aos 17 minutos do segundo tempo.
Cruzeiro: Fábio; Mayke (Eurico), Léo, Bruno Rodrigo e Egídio; Henrique, Lucas Silva (Nilton), Everton Ribeiro e Ricardo Goulart; Willian e Marcelo Moreno (Júlio Baptista).
Técnico: Marcelo Oliveira.
Goiás: Renan, Tiago Real, Jackson, Pedro Henrique e Felipe Saturnino (Lima); Amaral, David (Welinton Júnior) e Thiago Mendes; Ramon(Esquerdinha), Erik e Samuel.
Técnico: Ricardo Drubscky.
TIME MINEIRO TAMBÉM CAMPEÃO DA SÉRIE D.
Tombense supera o Brasil de Pelotas nos pênaltis e é campeão da Série D. Após 180 minutos sem redes balançadas, mineiros garantem título com vitória por 4 a 2 nos pênaltis. Conquista inédita coloca pequena Tombos no mapa do futebol nacional.
Em meados de maio, a dúvida era disputar ou não uma competição nacional importante, mas custosa aos cofres de um clube modesto, com 100 anos de história, mas apenas 15 de profissionalismo. No meio de novembro, veio a certeza de que a decisão foi acertada e de que uma cidade no interior de Minas Gerais, com apenas cerca de 10 mil habitantes, encontrou um lugar no mapa do futebol nacional. No Estádio Soares de Azevedo, em Muriaé, o Tombense sofreu e driblou até um cão invasor. Diante do 0 a 0 no tempo normal, precisou dos pênaltis para superar o Brasil de Pelotas. Ganhou a disputa por 4 a 2 e conquistou o título da Série D de 2014.
Fonte: Jornal o TEMPO E Globo.com