Depois de muita festa e esporte, foi encerrada nesse domingo (3) a 4ª edição dos Jogos dos Povos Indígenas de Minas Gerais. O evento, realizado na reserva Maxacali Aldeia Verde, em Ladainha, foi viabilizado pela parceria das secretarias de Estado de Esportes (SEESP), de Educação (SEE), de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) e de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac).
Na disputa de oito modalidades tradicionais, a etnia Xacriabá foi a que mais vezes subiu ao lugar mais alto do pódio. Representantes da tribo foram campeões no futebol feminino, cabo de guerra (masculino e feminino) e corrida do maracá (masculino e feminino).
A etnia Xucuri-Kariri sagrou-se campeã nas disputas do futebol masculino, zarabatana feminina e no arremesso de lança (masculino e feminino). A tribo Pankararu ficou com o título na competição masculina do arco e flecha. Já os Pataxós foram campeões na zarabatana masculina e derruba toco, nos naipes masculino e feminino. Os anfitriões da etnia Maxacali venceram as disputas do arco e flecha feminino e bodok masculino.
Para Itamar Maxacali, morador da Aldeia Verde, o sediamento dos Jogos Indígenas foi uma grande oportunidade de interação entre as diferentes etnias que residem em Minas Gerais: “Foi um momento de confraternização, mais do que de disputas. Nosso esporte é uma forma de interagirmos com as demais tribos e compartilhar a cultura peculiar de cada uma”, disse.
Segundo o indígena, o evento, que contou com a participação de cerca de 600 atletas de 11 etnias, foi realizado com sucesso. Com o fim dessa edição, o foco passa a ser os próximos Jogos: “As atividades esportivas fazem parte do dia-a-dia da Aldeia Verde. Praticamos as modalidades, realizamos campeonatos internos e começamos a nos preparar para os Jogos Indígenas quando faltam cerca de 2 meses para a competição”, contou.
Espírito olímpico na Aldeia Verde
A pouco mais de um mês dos Jogos Olímpicos do Rio, os Jogos Indígenas apresentaram algumas modalidades tradicionais bastante semelhantes aos esportes olímpicos que serão disputados a partir de 05 de agosto, no Rio de Janeiro.
O derruba toco, modalidade realizada em um círculo de 3 metros cujo objetivo é fazer o adversário derrubar o toco colocado no centro da área de competição, tem semelhanças com o judô e a luta olímpica.
Já o arco e flecha se diferencia do tiro com arco pelo nome e pelo modelo dos equipamentos utilizados – os atletas de ponta contam com a tecnologia para aprimorar o desempenho nos torneios, enquanto os indígenas ainda utilizam armas produzidas de maneira artesanal. Na competição, a indígena e a olímpica possuem diferenças também na distância do alvo e na pontuação.
A corrida do maracá é uma espécie de revezamento, parecida com as provas de atletismo. No lugar do bastão, no entanto, vai o maracá, espécie de chocalho produzido pelos indígenas.
Já o arremesso de lança é parecido com o lançamento de dardo, prova que também integra as competições olímpicas de atletismo. Nas duas modalidades, vence quem atirar o instrumento mais longe. O futebol, também disputado nos Jogos Indígenas, utiliza as mesmas regras do esporte disputado nos Jogos Olímpicos.
Segundo Itamar Maxacali, apesar das semelhanças das modalidades, na Aldeia Verde existem poucos televisores e nem todos os moradores deverão acompanhar os Jogos Rio 2016: “Os mais jovens demonstram interesse, gostam de ver. Os mais velhos resguardam a cultura indígena e não têm o hábito de assistir TV”, concluiu.
Fonte: Agência Minas