A bocha paralímpica é muito similar à bocha convencional e consiste em encostar o maior número de bolas na bola alvo.
Como é um esporte facilmente de ser adaptado, pessoas com grau de deficiência motora grave podem participar e desenvolver um elevado nível de habilidade. E parte desse desenvolvimento está nas mãos do treinador Diego Valadares, que há 5 anos se dedica a provar a seus atletas que suas limitações não são empecilhos para a prática da modalidade.
Confira a entrevista completa do Observatório do Esporte de Minas Gerais:
Como você conheceu o esporte?
Conheci a bocha por meio do Programa Superar, em que eu trabalhava com outras modalidades, tendo escolhido algumas para trabalhar exclusivamente, dentre as quais estava a bocha. Participei de alguns campeonatos em que fazia parte do staff (equipe de apoio) e até calheiro. Depois disso eu comecei a gerir a equipe e me tornei técnico. Já são quase 5 anos dedicados à bocha.
Há algum técnico ou técnica que seja um grande exemplo para você?
Sim. Na bocha, quem me ajudou no início da minha carreira foi o professor Taylor, lá do Projeto Superar; ele me ensinou muito tanto do judô, quanto da bocha, modalidade que agora é árbitro.
Fale sobre a rotina de seus atletas nos treinos. Há diferença no treinamento de atletas com deficiência e sem deficiência?
Nós não temos tantos horários pelo fato de o Programa abranger várias modalidades, então meus atletas treinam uma hora por aula, três vezes na semana o que não nos torna atletas de alto rendimento. A diferença de treino varia do desenvolvimento das equipes.
Como você avalia a estrutura do esporte paralímpico no Brasil?
Nós ainda estamos começando. Depois das Paralimpíadas as pessoas começaram a enxergar com outros olhos as modalidades paralímpicas, mesmo assim as modalidades Olímpicas estão muito mais à frente, tanto na questão estrutural, quanto na questão financeira.
O esporte paralímpico vai chegar lá, mas vamos ter que lutar muito ainda.
Como você avalia as categorias de base atualmente? Podemos esperar novos talentos surgindo nos próximos anos?
Isso vai depender muito dos técnicos e do olhar que eles têm para os jovens, se eles acreditam ou não na nova geração. Nós vemos nos técnicos da Seleção Brasileira que eles consideram muito isso. Nos campeonatos mundiais e no Parapan de Jovens tivemos conquistas importantes, já começando esse trabalho com a juventude pensando em Tókio 2020.
Não vamos ter os experientes para sempre, então quanto antes começarmos a incentivar os garotos, melhores resultados futuros.
Quais foram suas conquistas mais marcantes?
Foi nas Paralimpíadas Escolares, quando meu atleta venceu um jogo emocionante e quando uma atleta que tinha recentemente iniciado os treinamentos conosco ficou em primeiro lugar na Copa Liespe em Ipatinga.
Atualmente foi o terceiro lugar nos Jogos Universitários, onde havia até atletas que participaram das Paralimpíadas.
Qual a sensação de ter sido premiado no “Melhores do Ano 2016”? A que você atribui esta conquista?
Eu fiquei muito grato, pois foi tudo fruto de um trabalho não só meu e da equipe, mas de todos, principalmente das mães que levam os meninos para os treinos. Sem eles não haveria aula, nem todas essas conquistas.
Para você o que significa o esporte?
O esporte é a motivação do corpo. Eu, desde criança, gosto de esportes e por isso escolhi a Educação Física. E o esporte paralímpico é excelente porque mesmo com todas as limitações os atletas conseguem fazer até mais que nós treinadores, provando que o esporte é para qualquer pessoa.
O esporte está para qualquer pessoa, só depende da nossa vontade.
Um recado para os técnicos que queiram iniciar carreira no esporte ou que estão começando.
Para todos que desejam iniciar essa carreira espero que lutem pelo que objetivam. Sempre acreditem em suas equipes, mesmo com todas a limitações. Àqueles que já estão no esporte há muito tempo só tenho a agradecer. Foram eles que fizeram que nós técnicos estivéssemos aqui.
Observatório do Esporte de Minas Gerais