Educação Física Escolar é importante para criar cultura esportiva nos alunos

Publicado em 30/01/2014 por

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Profissionais precisam compreender as limitações e desejos dos alunos e dispensar a “cultura da bola”.

Uma das aulas mais celebradas e esperadas pelos alunos, a Educação Física Escolar (EFE) vai além da prática de esportes, segundo explica o professor Raul Silveira Junior, de Brasília (DF), conhecido como Tio Chambinho, “A Educação Física Escolar é conteúdo obrigatório que segue as normas da escola, as diretrizes educacionais e as metodologias pedagógicas da instituição. Não tem exclusão e o objetivo é a cooperação, a coletividade, a participação do grupo. Já o esporte na escola pode ter a seleção dos melhores para participar das modalidades e representar a escola em competições fora”, descreve, criticando que há profissionais de Educação Física que tornam a Educação Física Escolar uma escola de esportes e acabam, dessa forma, excluindo os alunos menos habilidosos.

Tiago Aquino, o Paçoca, pesquisador do Laboratório de Estudos do Lazer da Universidade do Estado de São Paulo (LEL/Unesp Rio Claro) e presidente da Associação Brasileira de Recreadores (Abre), explica que a Educação Física na Escola é uma disciplina inclusa na educação básica, como ciências e matemática, que tem por objetivo oferecer diversas vivências e experiências motoras aos alunos: “os parâmetros curriculares nacionais (PCN) dizem que a Educação Física Escolar deve favorecer a prática de lutas, esportes, ginásticas, atividades expressivas e rítmicas e o conhecimento para o corpo”.

Todavia, sabe-se que nem todas as escolas conseguem contemplar os cinco conteúdos propostos e os dois profissionais de educação física comentam que muitos professores pregam a “cultura da bola” e, como o aluno curte, o professor acaba deixando só essas atividades como parte da aula. “Há uma carência muito grande na formação acadêmica do professor. Ele faz estágio junto a professores mais velhos que reproduzem o que aprenderam com outros professores mais velhos que também faziam isso. Acredito muito que a Educação Física Escolar deva ser tão atual quanto a formação humana daquela criança”, diz Paçoca.

Educação Física Escolar faz diferença

Chambinho conta que a Educação Física Escolar auxilia o aluno no seu desenvolvimento físico, social e cognitivo: “estudos comprovam que a prática de atividade física colabora com o desenvolvimento de outras habilidades. Ajuda a se concentrar, nos relacionamentos, na liderança, nas ações cognitivas. Por meio da Educação Física Escolar, o aluno tem que aprender a conhecer seu corpo e as possibilidades de ação dele, como usar isso bem, como se movimentar positivamente ou não, porque o não-movimento também é uma opção”.

Acreditando que a Educação Física esteja caminhando muito para a prática de esportes tradicionais como vôlei, basquete e futebol dentro da escola, o professor de Brasília cita que o xadrez é uma modalidade que também requer empenho físico forte, concentração e pensamento – características que podem ser trabalhadas nas aulas de Educação Física Escolar, requerendo dedicação e planejamento por parte do professor da disciplina.

Por meio das aulas, o profissional de Educação Física pode transmitir valores que o aluno vai levar consigo para toda a vida, independentemente da idade que tenha. Respeito aos seus limites e ao do outro, respeito às regras e comandos, consciência espacial, lidar com perdas e vitórias e gerenciamento de conflitos são alguns dos valores que são transmitidos. A organização do profissional para que sua aula transmita esses valores de forma consciente e prazerosa é o segredo do sucesso entre a garotada. “O profissional tem que entender que a aula que ele deu para a primeira série ano passado não pode ser a mesma pra turma desse ano, porque a interatividade dessa criança muda em um ano. Se no ano passado usei a música do Psy para uma coreografia, esse ano já é a onda do Harlem Shake. O conteúdo é o mesmo, mas a estratégia que uso tem que ser outra”, conta Paçoca.

MotivAÇÃO na Educação Física Escolar

Incentivar a prática de atividades físicas entre a turminha é importante, mas conscientizá-los – e também aos seus pais – do quanto isso pode se refletir na saúde e na qualidade de vida é ainda mais fundamental.

Paçoca afirma que é preciso criar uma Educação Física Escolar saborosa para que o aluno possa escolher sua atividade preferida e lembra que os jovens de 25 a 35 anos de atualmente sabem que precisam fazer exercícios físicos, mas postergam ao máximo porque não tiveram uma Educação Física Escolar que lhes instigassem, que criasse a cultura esportiva. Entretanto, isso deve mudar com as futuras gerações, já que a educação, as pesquisas sobre as crianças evoluíram bastante e já se procura saber quais são os desejos e necessidades daquele ser, qualificando e aplicando atividades de forma mais coerente. “A Educação Física tem que romper os muros da escola e entrar nas famílias, porque se ela for bem-feita na escola e no lar, a geração de hoje vai ser de jovens criativos, empreendedores, autônomos porque há relação entre as vivências da infância com os acontecimentos da vida adulta.”

Esse conhecimento sobre os pequenos é importante, principalmente porque sabe-se que a atual geração é viciada em vídeo game e jogos eletrônicos e cabe ao profissional de Educação Física Escolar buscar alternativas para ensiná-los a se moverem, se portarem e se cuidarem para prevenir lesões e doenças metabólicas.

“O vídeo game não é uma desculpa para não fazer as aulas. Tenho 400 alunos e nunca tive problemas por causa do vídeo game. Claro que, quando usado excessivamente, deixa a criança menos móvel dependendo do eletrônico que ela joga, mas o que deve ser observado é como ele é usado, o tempo que a criança passa jogando, a forma como joga”, orienta Tio Chambinho, que diz conhecer escolas que disponibilizam aparelhos de X-Box e Nintendo Wii para as aulas e os professores acabam ensinando até como usar os jogos eletrônicos corretamente e acredita que o conhecimento dos interesses desses alunos “tecnológicos”, gostos e necessidades é fundamental para ensiná-los de que atividade física também é legal.

Paçoca também contesta a influência do vídeo game na falta de movimento dos alunos e cita outros cinco “problemas” que levam a este mal:

– redução no espaço de brincar, já que nos centros urbanos há menos espaços disponíveis para a brincadeira da turminha;
– violência e insegurança, já que quanto maior a cidade, mais desordenada ela é;
– mudanças na estrutura familiar: além de poucas mães serem do lar, ainda há muitos casais que se divorciam, reconfigurando a família e levando a criança a não sair quase e não ter movimentos;
– a agenda: as crianças estão sendo voltadas ao mercado de trabalho de forma precoce, tendo que se desdobrar entre escola, curso de idiomas, natação e outras atividades extracurriculares que tomam a maior parte do seu tempo;
– a interatividade. Afinal, a turminha de hoje é mais ligada nos meios eletrônicos e acha uma brincadeira antiga sem graça, sem atrativos e é preciso achar meios de atrai-las.

“Várias pesquisas e trabalhos comparam o gasto calórico de uma criança que brinca meia hora com vídeo game e meia hora na quadra e o vídeo game ganha, porque os aparelhos atuais são de ação, como o Wii. Já os de joy stick, como o Play Station, são anti-movimento. Todavia, apesar de fazer a criança se movimentar, o vídeo game não exclui a Educação Física Escolar. É preciso saber dosar as duas”, opina o pesquisador da LEL.

Educação Física Escolar: trabalho multidisciplinar

A atividade física como momento de lazer e de consciência corporal é importante, mas a disciplina também pode – e deve – ser trabalhada em conjunto com outras matérias da escola, desde que não extrapole os limites entre as aulas. As questões referentes à saúde, por exemplo, podem ser aprofundadas de acordo com a série e faixa etária dos alunos.

Paçoca exemplifica uma atividade que foi desenvolvida por ele e outros professores no ano passado: “levei o Marcelo Negrão para dar uma palestra aos alunos e a professora de inglês combinou que eles só conversariam na língua estrangeira, a professora de artes explorou o tema nas aulas dela e a de português promoveu debate sobre saúde e esporte. Cada um no seu ponto, na sua aula, focou o que era de interessante pro seu conteúdo em cima de um mesmo tema”.

“O importante é, na hora do planejamento, pensar em Educação Física como parte do ensino, não pensar só na sua aula de Educação Física Escolar. É preciso pensar também no que os outros professores dão em sala de aula numa tarefa multidisciplinar. Os professores têm que perceber o que esperam do aluno no fim do ano também e conhece-los”, diz Tio Chambinho que diz se entristecer com o fato de que muitos professores atualmente sequer sabem o nome dos seus alunos: “como vai saber quais são as dificuldades dele com movimentos, suas limitações?”, questiona.

Baixa procura

Professor universitário, Chambinho conta que poucos alunos têm se interessado pela prática da Educação Física Escolar. “Você conta nos dedos aqueles que querem seguir o ramo, porque não se recebe muito bem – não se compara ao trabalho do personal, por exemplo – e ainda é um trabalho árduo. Se eu puder dar um conselho a quem realmente quer seguir na Educação Física Escolar, seria o de fazer estágio de recreação em escola de esportes, hotel, clube e colônia de férias para ganhar experiência. A cobrança na escola é grande e os resultados têm de ser imediatos. Quem tem o estágio sai na frente na hora de procurar emprego por ter uma bagagem”, orienta.

Os desafios da carreira são muitos. Dentre eles, está em conseguir envolver os pais para darem sustentação nos resultados dos alunos. Chambinho diz que só é possível conseguir envolver a família na prática da Educação Física Escolar por meio de resultados palpáveis. “Não adianta falar pro pai que ele tem que colocar o filho em uma modalidade esportiva se nunca fez testes de agilidade, flexibilidade etc que comprovem isso pra ele. Se basear só em palavras pra convencer os pais é difícil. Demanda trabalho e pesquisa por parte dos professores e também tempo. Dá muito mais trabalho fazer testes com todos os alunos.”

Para Paçoca, os profissionais de Educação Física precisam se atentar ao fato de que seus estudos, quando relacionados às crianças, acontecem no dia a dia, ao observar crianças brincando nas ruas, andando com os pais no shopping, notando os ensinamentos de um desenho no cinema. Além disso, o olhar do profissional deve ser mais voltado a entender a criança do que simplesmente aplicar uma técnica esportiva: “pouco me interessa se o aluno sabe bater bola ou não. Me interessa que ele seja respeitoso, educado, sabia trabalhar em grupo, mediar os desejos dele e do amigo montando um terceiro caminho. A escola tem essa função de formar cidadãos”.

O professor de Brasília critica ainda que é difícil encontrar uma escola na qual as diretrizes de ensino contemplem a Educação Física Escolar: “é normal e não é culpa só das escolas. Conheço muito professor que não gosta de participar de reunião pedagógica, de atender pai, participar de conselho de classe. Ele se exclui das diretrizes e colabora para deixar a Educação Física em segundo plano. Aí, sempre que precisa ensaiar quadrilha ou tirar foto dos alunos, pegam a aula de Educação Física pra isso”, critica.

Justamente pela falta de profissionais interessados, muitas escolas têm terceirizado a Educação Física Escolar, conferindo à academias a competência de levar a disciplina aos alunos. Com prós e contras, Chambinho cita que se por um lado o professor fica mais motivado, por outro a academia pode não compreender e obedecer a filosofia da escola, trazendo problemas. Paçoca acredita ainda que o professor, quando não terceirizado, acaba criando vínculos mais fortes com o aluno, se dedicando ao conhecimento dele, por não precisar acumular funções, como dar aulas pela manhã na escola, de tarde na academia e de noite, personal. “Dou aula em uma escola que terceirizou a escola de esportes e deixou a Educação Física Escolar com a instituição de ensino. O trabalho flui bem. Se for compreender que a Educação Física Escolar é um conteúdo obrigatório, faz parte da grade curricular e demanda o empenho do profissional em desenvolver um trabalho pedagógico, então acho que não pode ser terceirizado”, conclui Chambinho.

Por Jornalismo Portal EF

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