Por trás da Olimpíada de Londres 2012 está uma equipe de pessoas que faz com que os Jogos aconteçam. São os ‘heróis desconhecidos’ sem os quais os locais não funcionariam e os esportes certamente seriam prejudicados. Quem são eles e o que eles fazem? Conheça um pouco da história dos principais personagens de bastidores dos Jogos Olímpicos de Londres:
Matthew Millar – operador de câmera subaquática no polo
“Meu maior medo sempre foi mergulho em águas profundas”, diz Matthew Millar, um britânico que vive em Melbourne, na Austrália, há 20 anos, e nos Jogos de Londres opera uma câmera de vídeo dentro da piscina durante as partidas de polo aquático.
“Logo antes da morte de meu pai, ele me disse para ’mergulhar no mundo’. Eu passei os últimos anos vivendo e mergulhando no sudeste da Ásia e me tornei professor de mergulho lá. Meu pai, David, era um nadador muito bom e eu sempre fui péssimo na água. E acabou comigo estando aqui – é incrível e é como um sonho para mim”, diz.
David Lagerberg – varredor nas quadras de vôlei de praia
Como executar a varredura perfeita na arena de vôlei de praia, onde acontecem as competições de vôlei de praia? É o que se pergunta David Lagerberg, um dos 18 varredores e gandulas que trabalham para deixar a areia uniforme durante os intervalos e finais de partidas e assegurar de que não fiquem montes de areia no meio das quadras.
“É preciso ser muito delicado com a areia. Tenho que evitar ’desenterrar batatas’ e somente ’barbear o rosto’. É a melhor maneira de descrever isso”, brinca David. Ele varre sob a rede enquanto outros limpam os locais onde ficam as marcações da quadra, para que os juízes vejam se as bolas estão caindo dentro ou fora.
Ele afirma que seu melhor momento foi ‘pisar na quadra pela primeira vez, na primeira varredura’. “Não foi perfeito, mas os aplausos que recebemos foram inspiradores”, completou.
Peter Deary – condutor de bicicleta motorizada no ciclismo
O velódromo já é o cenário do sucesso britânico, de grandes comemorações e muito barulho feito pelos fãs de ciclismo. Mas como alguém se sente ao sentar-se diante de uma das bicicletas motorizadas que conduzem os famosos ciclistas nas provas? É a bicicleta de Peter Deary que dita o ritmo dos ciclistas.
“Se eu começasse a ficar nervoso quando estivesse ali, teria problemas. Não me importa quem está atrás de mim. Se começar a pensar nisso, você começa a favorecer certas pessoas. É preciso garantir que você será justo com todos.”
Deary conduz uma bicicleta movida à gasolina durante o evento. Ele conduz os atletas no início a uma velocidade de 25 km/h e aumenta o ritmo até 45 km/h. Depois de cinco voltas e meia, ele deixa a pista e estaciona sua bicicleta ao lado do vidro que circunda a pista central.
Gareth Goh – operador de carro de controle remoto
Antes mesmo de ter idade suficiente para dirigir, Gareth Goh, de 16 anos, conduz carros pelo campo do estádio Olímpico. Mas são carros de controle remoto. Ele recolhe os discos, martelos e dardos que os atletas lançaram na grama e os devolve para os organizadores.
Gareth estava no meio da área central quando o homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, ganhou a final dos 100 m – já que a competição de lançamento de martelos também estava acontecendo. “Me senti muito privilegiado de ter esta oportunidade. Estamos fazendo nosso trabalho, mas também podemos ver o que acontece ao nosso redor”.
Joseph Edney e Rachael Dale – ’puladores de corda’ no basquete
Joseph Edney, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, diz que chorou na primeira vez em que foi obrigado a pular corda em um acampamento de verão. “Eu odiei”, disse ele. Mas, após ganhar sua primeira competição de quem pulava corda por mais tempo, a sensação foi tão viciante que, hoje em dia, ele o faz para multidões.
Edney pula corda em todos os intervalos dos jogos de basquete, até o fim dos Jogos. Lotada, a arena de basquete foi comparada a um show de rock. A música é alta, as luzes piscam e quando a partida é interrompida, a equipe de corda toma conta da quadra.
Katy Mitchell – funcionária da limpeza e gandula no vôlei
Quando a quadra de vôlei fica molhada de suor, os jogadores começam a deslizar. Isso é tão perigoso que, durante o jogo, seis funcionários da limpeza e outros dois “enxugadores” ficam a postos para secar o chão. Durante os intervalos, Katy Mitchell é uma das seis funcionárias que, usando um esfregão de um metro, se alinham em cada lado da rede em grupos de três.
Segundo Katy, o desafio é ‘manter o esfregão perpendicular à rede, para ficar sincronizada com o outro lado e enxergar o outro’. “Pode dar errado, você pode tropeçar nos esfregões”, explica.
Paul Maines – treinador de coletores de flechas no tiro
Durante os Jogos de Pequim 2008, as flechas voltavam para os arqueiros após os tiros em um trem mecânico. O método era eficiente, mas faltava um toque humano. Em Londres, 24 – trazidos de escolas e categorias de base – foram recrutados.
“Temos que garantir a consistência da abordagem, o lado para o qual os voluntários viram, como eles voltam, como eles as entregam para os arqueiros. A ideia é que os arqueiros, os técnicos e os juízes se acostumem ao mesmo padrão. Assim como os boleiros e boleiras de Wimbledon, eles são os boleiros do tiro com arco”, afirmou.
* Matéria da BBC Brasil, retirada do site www.uol.com.br (link direto)